O general da reserva Augusto
Heleno Ribeiro, que chefiará o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de
Jair Bolsonaro, foi um dos primeiros a chegar na manhã desta quinta-feira (8) à
casa do presidente eleito na região central de Brasília. Na entrada, o militar
comentou a relação entre Bolsonaro e o seu futuro ministro da Economia, Paulo
Guedes, fez ponderações sobre a aprovação do reajuste do Judiciário e disse que
dará continuidade ao trabalho já feito no GSI.
Perguntado por jornalistas se a decisão da véspera do Senado de conceder
aumento salarial aos ministros do Supremo Tribunal Federal poderia ser vista
com uma derrota para o governo que se inicia, o general, primeiro, disse que
não iria comentar o assunto, por ser fora do seu espectro, mas depois afirmou:
“Não é derrota, é preocupação, até pelos gastos que foram anunciados, mas isso
tem que ser muito bem estudado, avaliado, principalmente pelo doutor Paulo
Guedes”.
A aprovação contrariou a vontade de Bolsonaro. “Obviamente, não é o
momento”, havia dito o presidente eleito horas antes da votação. “Estamos em
uma fase que ou todo mundo tem ou ninguém tem. E o Judiciário é o mais bem
aquinhoado.”
O reajuste de 16,38% para o Judiciário e Ministério Público Federal agora
segue para sanção presidencial. Com isso, o teto do funcionalismo público passa
de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. O aumento terá efeito cascata para a União e
os Estados e pode custar cerca de R$ 4,1 bilhões por ano.
Jogo aberto
Na rápida conversa, Heleno ainda destacou que Bolsonaro e Guedes têm um
relacionamento muito bom, um “jogo aberto, que é muito importante”. A avaliação
se deu em resposta a uma pergunta sobre a falta de “traquejo político”, como o
presidente eleito já mesmo classificou o fato de Guedes seguir fazendo
declarações polêmicas. Na terça-feira, 6, o homem forte da economia do novo
governo defendeu “prensa no Congresso” pela aprovação da reforma da
Previdência. Depois, Bolsonaro disse que a palavra certa é “convencimento”.
Heleno foi perguntado, então, se Bolsonaro iria sempre atuar como um
“moderador” junto ao seu futuro titular da Economia, e ele respondeu: “Não.
Eles vão trabalhar juntos, eles têm um relacionamento muito bom. Eles são muito
francos um com o outro. Essa transparência, essa lealdade entre as pessoas,
isso constrói muito. Pior coisa que tem é você ter uma equipe de governo em que
um fica com preocupação do que vai falar com outro, que vai pensar, esse jogo
aberto é muito importante”.
O general declarou ainda que dará continuidade ao trabalho realizado no
GSI nas gestões anteriores e elogiou seus antecessores. “Vou aproveitar o que
eles fizeram, não tem muito o que inventar, não tem que reinventar a roda no
GSI”.
Bolsonaro estava em seu apartamento por volta das 9h40 desta quinta e deve
seguir para o Gabinete da Transição Governamental, no CCBB, onde deve se reunir
com a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), escolhida para o Ministério da
Agricultura.
Além do General Heleno, também chegou à casa de Bolsonaro o deputado
federal Marcos Montes (PSD-MG), integrante da bancada ruralista e que já
presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). (Via: Estadão)
Blog: O Povo com a Notícia