O presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) disse neste sábado (21) que, na área econômica, o ministro Paulo
Guedes (Economia) é quem manda nele, e não o contrário.
"Eu que tenho que me alinhar a ele, não ele a mim. Ele que é meu
patrão nesta questão, não eu o patrão dele", disse Bolsonaro em mais de
duas horas de conversa com jornalistas à beira da piscina do Palácio da
Alvorada pela manhã.
O presidente da República afirmou que o "carro-chefe" de seu
governo em 2020 continuará sendo a economia, com foco em facilitar o
empreendedorismo.
"O que mais nós queremos é facilitar a vida de quem quer empreender.
Tem que lançar o plano 'Minha Primeira Empresa' para tirar isso do discurso da
oposição. Você quer criar uma empresa, vai criar. O salário está baixo, você
paga R$ 5.000, R$ 10 mil, R$ 30 mil para quem for trabalhar na tua empresa,
esta que é a ideia", afirmou Bolsonaro.
Sobre a reforma tributária, questão que é tratada como prioridade no Congresso,
ele afirmou que o governo apenas apresentará sugestões para as propostas que já
tramitam no Legislativo.
"Eu vou na linha do Posto Ipiranga. Ele falou que vai apresentar
sugestões em forma de emendas. É um interesse da sociedade a reforma
tributária como era a Previdência. Não vejo tanta dificuldade. O que tenho
falado com o Paulo Guedes é usar mais a palavra simplificação. Se no
passado todas as outras tentativas não deram certo, se tivesse simplificado um
pouquinho, hoje, talvez, não precisasse de uma reforma tributária."
Câmara e Senado trabalharam em 2019 propostas diferentes de reforma
tributária. Havia a previsão de que o governo encaminhasse uma terceira
proposta, que serviria de linha mestra. Porém, não foi isso o que aconteceu.
No início da semana, ficou acordado que se criaria uma comissão mista de
deputados e senadores para fazer um texto comum que contaria com as sugestões
da equipe econômica do governo.
Essa comissão deveria ter sido criada até o final da semana, mas
divergências sobre indicações de integrantes do colegiado adiaram os planos.
Outro ponto que gerou ruído foi a proposta de Paulo Guedes de se criar um
imposto sobre transações financeiras em meios digitais.
Ao defender a proposta, ele argumentou que o novo imposto não seria igual
à extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que
sofreu críticas dentro do governo e foi barrada pelo presidente Jair Bolsonaro
(sem partido).
No fim da semana, porém, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disseram que o Legislativo não aprovará
nenhum aumento de imposto. Neste sábado, Bolsonaro também disse que não haverá
criação de um novo tributo.
"Em torno de 36% da nossa carga tributária... Não tem como baixar
isso aí. Não vamos aumentar também, não vamos aumentar. A [reforma da]
Previdência vai dar um alívio nesta área. Agora, o negócio é complicado,
complicadíssimo. Para mim, desculpa aqui, prefiro deixar isso na mão do Paulo
Guedes para ele achar o que é melhor, decidir o que é melhor. Criar
um novo imposto não existe. Você pode até inventar um novo nome para acabar com
outros, substituição", afirmou Bolsonaro.
O presidente, no entanto, evitou entrar em detalhes para não melindrar seu
ministro da Economia. "Não quero falar algo que possa constranger o Paulo
Guedes amanhã por desconhecimento da minha parte. Não tenho como saber de tudo
o que acontece no governo."
Indagado sobre o protagonismo de Rodrigo Maia na aprovação da reforma da
Previdência no Congresso, Bolsonaro ironizou a aparência dos presidentes
da Câmara e do Senado.
"Toda honra e toda glória a Rodrigo Maia. Não faço questão de ser pai
da criança. Um beijo para o Rodrigo Maia, para o Davi Alcolumbre. Viram como eu
não sou gordofóbico?", indagou. (Via: Folhapress)
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