Vídeo:
A Polícia Civil do Rio investiga
a participação de um grupo, que se diz integralista, no atentado contra a sede da produtora do canal Porta
dos Fundos. Na quarta-feira, 25, os integrantes desse grupo
divulgaram um vídeo com imagens do ataque no YouTube.
No vídeo, integrantes do grupo que se autodenomina Comando de Insurgência Popular
Nacionalista da Grande Família Integralista Brasileira aparecem
mascarados e leem um manifesto enquanto imagens do ataque com coquetéis Molotov
são exibidas.
A filmagem é feita por uma câmera que acompanha a ação. São três os homens
que jogam os coquetéis e um que filma.
O mesmo grupo teria feito um
ataque na Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio), em Botafogo, no fim
do ano passado, queimando bandeiras e faixas antifascistas.
A polícia do Rio examina essas imagens e outras de câmeras de segurança
que registraram o atentado contra a produtora, no Humaitá, no Rio. O caso
está sob investigação da 10.ª DP (Botafogo) como crime de explosão.
O vídeo das câmeras de segurança mostra o momento em que pelo menos três
pessoas - duas em uma caminhonete, uma em uma motocicleta - participaram do
ataque à fachada do prédio, com duas bombas incendiárias, às 4 horas da véspera
de Natal. Ninguém foi ferido, e o fogo foi apagado por um segurança do prédio.
"O Porta dos Fundos condena qualquer ato de violência e, por isso,
já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as
autoridades", informou na quarta-feira o grupo em nota. O texto afirma
ainda que o Porta espera que os responsáveis pelos ataques "sejam
encontrados e punidos".
Mas, por
enquanto, adiantamos que seguiremos em frente, mais unidos, mais fortes, mais
inspirados e confiantes que o país sobreviverá a essa tormenta de ódio e o amor
prevalecerá junto com a liberdade de expressão.
— Porta dos Fundos
(@portadosfundos) December 24, 2019
O ataque pode ainda ser enquadrado na lei antiterror, que define como
terrorismo o ato de usar explosivo "por razões de xenofobia, discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia e religião" com a finalidade de
"provocar terror social".
FIB nega relação com atentato
A Frente Integralista Brasileira (FIB) afirmou,
por meio de nota, que o suposto grupo integralista que reivindica o
ataque à produtora Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, na manhã da
terça-feira (24), é desconhecido pela entidade e não tem qualquer relação com
entidade. "O grupo em questão é desconhecido pela FIB e não possuímos com
ele qualquer relação. Não temos certeza sobre a autenticidade do vídeo, e por
isso não descartamos a possibilidade de ter sido um material forjado com o fim
de incriminar os Integralistas", diz o texto.
Leia a íntegra da nota da FIB:
"A Frente Integralista Brasileira (FIB) tomou conhecimento, por
meio de publicações nas redes sociais, de um vídeo de um suposto grupo
integralista que, usando máscaras, emprega indumentária integralista e afirma
ter cometido um crime contra uma produtora de vídeos.
O grupo em questão é desconhecido pela FIB e não possuímos com ele
qualquer relação. Não temos certeza sobre a autenticidade do vídeo, e por isso
não descartamos a possibilidade de ter sido um material forjado com o fim de
incriminar os Integralistas.
Entre os Integralistas é proibido o uso de máscaras para fins de
militância. O uso de máscaras para tais fins é, com efeito, uma atitude
anti-integralista. Aliás, nosso Manifesto-base, o Manifesto de Outubro, de
Plínio Salgado, assim afirma: “A nossa campanha é cultural, moral, educacional,
social, às claras, em campo raso, de peito aberto, de cabeça erguida. Quem se
bate por princípios não precisa combinar cousa alguma nas trevas. Quem marcha
em nome das ideias nítidas, definidas, não precisa de máscaras.”
Polêmica
O canal de humor virara alvo de críticas desde o lançamento do especial de Natal A Primeira Tentação de
Cristo, na Netflix. A produção mostra um Cristo gay,
interpretado por Gregório Duvivier, com um namorado. O personagem é
surpreendido por uma festa, em que é revelado que ele é Filho de Deus e fora
adotado por José e Maria. Um abaixo-assinado online pediu a retirada do
programa da Netflix.
No dia 19, a Justiça do Rio negou liminar a um pedido de uma associação
religiosa para que programa fosse removido do site.
A decisão afirmou que não havia motivos legais para a remoção. Segundo a
Justiça, determinação diferente da sua seria "inequivocamente censura
decretada pelo Poder Judiciário".
Em nota, os integrantes do grupo disseram ainda que seguirão em frente,
"mais unidos, mais fortes, mais inspirados e confiantes que o País sobreviverá
a essa tormenta de ódio, e o amor prevalecerá junto com a liberdade de
expressão". (Via: Estadão)
Blog: O Povo com a Notícia