O procurador de Justiça Leonardo
Azeredo dos Santos, do Ministério Público de Minas, recebeu R$ 100 mil líquidos
nos dois meses seguintes após reclamar, em agosto passado, que seu contracheque
de R$ 24 mil (livre de descontos) era um “miserê”. Seus vencimentos totais,
somados no período de agosto e setembro, chegaram a R$ 124.029,85.
Azeredo chamou o próprio salário de “miserê” durante a 5ª
sessão extraordinária da Câmara de Procuradores de Justiça de Minas, realizada
no dia 12 de agosto, para discutir a proposta orçamentária para 2020.
No entanto, no mês de julho, somaram-se aos R$ 24 mil
indenizações e remunerações retroativas ou temporárias que elevaram o
vencimento de Azeredo para R$ 65.152,99 – mantendo a média de R$ 68 mil
líquidos recebidos pelo procurador mês a mês, desde janeiro.
“Dentro do orçamento, não há qualquer perspectiva, nenhum
sonho da administração de incrementar qualquer vantagem que aumente nossa
remuneração?”, disse o procurador em seu queixume. O áudio da sessão foi
disponibilizado pelo próprio site do Ministério Público, no início de setembro.
Licença médica
Após a repercussão negativa em torno do “miserê”, a
Procuradoria mineira informou que o procurador tirou licença médica. Ele
retornou às atividades no dia 7 de novembro.
Não é possível saber quanto Azeredo recebeu durante todo o
período de sua ausência, visto que no portal Transparência do Ministério
Público de Minas só há informações até setembro.
Em agosto, portanto no mês do chororô de Azeredo, ele recebeu
R$ 35.462,22 – mais indenizações e remunerações retroativas/temporárias que
elevaram seu contracheque para R$ 76 794,29. No mês seguinte, o holerite do
procurador se manteve nos R$ 35.462,22. Com os complementos, foi a R$
47.235,56.
Apesar de ser Azeredo quem manifestou sua insatisfação com o
contracheque, ele não foi o campeão de salários entre os procuradores do
Ministério Público mineiro. Em julho, ele recebeu R$ 65.152,99 líquidos. O
valor, no entanto, não esteve nem entre os cem mais altos pagos pela
Procuradoria naquele mês – 138 procuradores e promotores de Justiça ganharam de
R$ 65,2 mil a R$ 88 mil no período, em cifras limpas.
A situação levou um advogado mineiro a promover uma campanha
nas redes para ajudar o procurador a sair do “miserê” – “Doe aqui e ajude o
procurador de Minas a sair do miserê”, escreveu o advogado, em tom de ironia.
Defesa
A reportagem aguarda um posicionamento do procurador mineiro.
O espaço está aberto para manifestação. (Via: Agência Estado)
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