O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a aliança com o Centrão nesta segunda-feira (2/8), ao comentar a última reforma ministerial, que teve, entre as primeiras mudanças, a nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. A pasta é considerada uma das mais estratégicas da Esplanada, por coordenar a relação com o Legislativo.
O Centrão é um nome dado a um
bloco de partidos de centro e centro direita que foi alvo de críticas por
Bolsonaro durante a campanha eleitoral em 2018, mas que, como ocorreu em todos
os governos desde a redemocratização, hoje constitui a base do governo no
Congresso Nacional.
“Olha, senta na minha cadeira aqui e governe sem o voto de mais metade dos
parlamentares, que estão aí do dito Centrão. Governe sem eles”, disse Bolsonaro
em entrevista à Rádio ABC, de Novo Hamburgo (RS).
O
mandatário ainda declarou que não é possível aprovar projetos no Congresso sem
os votos dos políticos do bloco e disse que as mudanças recentes em seu ministério
visam ao “melhor funcionamento do Poder Executivo”.
“É fácil, de forma pejorativa, acusar o
Centrão… E outra: eu sempre fui do Centrão, eu sempre fui do PP, raramente
estive fora de partido fora dessa sigla. Agora, não podemos simplesmente
aceitar que o Centrão está fora do destino do Brasil. Então, é o que eu tenho
para governar. Eu tenho me dado muito bem com essas pessoas. Ou querem que vá
procurar o apoio do PT, do PCdoB, do PSol, da Rede, do Cidadania? É fácil
falar, né?”
Bolsonaro busca o apoio do Centrão para aprovar, por exemplo, uma
reformulação no Bolsa Família. Ele quer que o valor médio do benefício seja
ampliado, passando de R$ 192 para R$ 300. A mudança é uma das cartas que tem na
manga para sua campanha à reeleição em 2022.
“Em
90% do que eu quero fazer em Brasília, eu dependo do Parlamento, como, por
exemplo, agora eu preciso corrigir o Bolsa Família. A média está em R$ 192.
Como eu vou corrigir? Porque a inflação está aí”, pontuou.
Críticas ao Centrão
Em 2018, Bolsonaro disse que dirigentes do Centrão representavam a alta
nata de tudo o que não presta no Brasil” e defendeu que a base de apoio no
Congresso fosse composta pelas chamadas bancadas temáticas. Depois de falhar na
tentativa de negociar via bancadas, a partir de 2020 ele fez uma aproximação
com o bloco em busca de governabilidade.
Durante a campanha eleitoral em 2018, em uma convenção do PSL que
oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República, outros
assessores presidenciais também foram críticos ao Centrão.
O atual ministro do Gabinete
de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, cantou uma paródia do samba “Reunião de
Bacana (Se Gritar Pega Ladrão)”, do cantor Bezerra da Silva: “Se gritar pega
Centrão, não fica um, meu irmão”, substituindo a palavra “ladrão”, da letra
original, pelo nome dado ao bloco partidário.
A paródia fazia referência à aliança de Geraldo Alckmin (PSDB) com
partidos do Centrão. Recentemente, Heleno disse ter
mudado de opinião sobre o grupo. (Via: Metrópoles)
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