Esta tarde, em reunião marcada no Palácio do Planalto, o ministro Paulo Guedes, da Economia, jogará na mesa para conhecimento dos presidentes da Câmara e do Senado, e de um grupo seleto de colegas, o trunfo que imagina dispor de modo a garantir mais quatro anos de mandato a seu chefe Jair Bolsonaro.
Trata-se de uma Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que prevê o parcelamento em nove anos de dívidas da
União reconhecidas pela Justiça (precatórios). Se ela for aprovada pelo
Congresso, o governo poderá gastar 40 bilhões de reais a mais do que o previsto
em 2022, justamente um ano de eleições.
Em conversas intramuros, Guedes refere-se à PEC como “um míssil”, capaz de
destruir os maus presságios que turvam o futuro do governo, e de alavancar a
popularidade de Bolsonaro ora em declínio. Haveria assim dinheiro à farta para
investimentos em programas de atendimento aos brasileiros mais pobres.
Sim, os governos, às vésperas
de eleições, sejam eles de esquerda ou de direita, costumam descobrir a
existência de pobres e de promover algum alívio para seus bolsos. Não
necessariamente porque eles são pobres, mas porque votam. É uma receita
universal, o que não significa que funcione sempre, a depender.
Apelidada desde já
pela Ordem dos Advogados do Brasil de “PEC do Calote”, o que não deixa de ser,
a proposta de Guedes permitirá ao governo turbinar o programa Bolsa Família,
que hoje paga em média 192 reais por mês a 14 milhões de pessoas. O valor do
benefício passaria para 300 reais e alcançaria 17 milhões de pessoas.
Dinheiro na veia. A pedra foi cantada por Guedes na reunião ministerial de
22 de abril do ano passado, quando estava sob a pressão dos seus pares por mais
gastos. Dali a seis meses haveria eleições municipais. A dada altura de sua
intervenção gravada, o ministro prometeu:
“Vamos fazer todo o
discurso da desigualdade, vamos gastar mais, precisamos eleger o presidente.
Mas o presidente tem que pensar daqui a três anos. Não é daqui a um ano não.
Tem muita gente pensando na eleição deste ano.”
As
reformas do Estado prometidas pela dupla Bolsonaro-Guedes não saíram até hoje,
mas o que disse o ministro sobre mais gastos para reeleger o presidente
continua valendo. Guedes é homem de palavra pelo menos para certas coisas. (Via: Metropoles)
Blog: O Povo com a Notícia