Familiares e amigos de Welton Lopes Costa, 34 anos, que foi morto a tiros por um idoso de 98 anos no bairro do Dois de Julho, em Salvador, fizeram uma manifestação na Rua Carlos Gomes, no Centro da capital baiana, no final da manhã desta segunda-feira (23).
Apenas uma das três faixas para veículos ficou liberada.
Policiais militares acompanharam o protesto, que fechou a via na altura de uma
faixa de pedestres. A manifestação aconteceu na região do Largo Dois de Julho,
próximo ao local em que Welton foi morto na tarde de de domingo (22).
Familiares da vítima
carregaram fotos e cartazes pedindo justiça pela situação, já que o idoso – um
policial militar aposentado – foi ouvido e liberado. A companheira de Welton
também foi atingida pelos tiros, chegou a ser hospitalizada, mas já teve alta
médica.
Pneus e madeiras foram queimados, mas o protesto foi
pacífico. A PM negociou com os manifestantes, que saíram do local. A rua ficou
congestionada até a subida da Ladeira da Montanha, por causa da manifestação.
A discussão entre o idoso e Welton começou depois que a vítima
foi buscar a companheira em uma padaria, que fica no bairro, como conta
Welbert, irmão da vítima.
“A esposa dele [de
Welton] trabalha na padaria aqui no bairro, e ela estava no turno de ontem.
Como ela estava demorando para chegar, e eles já tinham um compromisso, eles
iam sair, e as crianças estavam aguardando para o almoço, ele foi ver o que estava
acontecendo, e viu que a padaria estava fechada. Quando ele olhou pra trás ,
ele viu ela na porta do bar. Já chateado porque ela estava demorando a chegar,
ele foi até ela e começou uma discussão", contou.
Um vídeo feito por
um morador flagrou parte da discussão e o barulho dos disparos. As imagens
mostram Welton Lopes Costa, acompanhado da esposa, enquanto discute com o
idoso, que não teve nome divulgado.
A
vítima seguiu andando, de costas para o suspeito, quando todos deixam de
aparecer na filmagem. Em seguida, sem que os dois apareçam no vídeo, é ouvido o
barulho dos disparos. Após o crime, os moradores seguraram o idoso no local até
a chegada da polícia.
"Ele
xingou meu irmão, puxou a arma e efetuou três tiros", acrescentou o irmão
da vítima, detalhando que um dos tiros atingiu o coração da vítima, enquanto os
outros foram no abdômen e perna.
Em
outro momento do vídeo é possível ouvir um dos irmãos da vítima questionando o
idoso, logo após o barulho dos tiros ser ouvido. "Por que o senhor fez
isso com meu irmão? É um pai de família, trabalhador. Você vai ficar aqui. Você
está preso em flagrante", diz o irmão de Welton.
"Ele
executou meu irmão na frente do filho dele de 14 anos. Meu sobrinho veio
correndo me chamar: 'Meu tio, atiraram no meu pai'. Perdi meu chão, vim
correndo. Meu irmão estava de bruços, tentando respirar, lutando pela vida. Um
dos amigos, que é taxista, veio correndo e levou ele para o HGE", contou
Welbert.
Ele
foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde
foi ouvido e liberado após alegar legítima defesa. Essa versão é contestada
pela família, que diz que Welton não ameaçou e nem agrediu o idoso.
"Eu fui perguntar a esse
senhor, a esse bandido, esse assassino, o porquê dele ter feito isso com meu
irmão, e ele disse que meu irmão desrespeitou ele. Em nenhum momento meu irmão
agrediu ele. Meu irmão não esperava. Ele só falou e deu as costas”, afirmou.
Ainda no
domingo , moradores do bairro do Dois de Julho realizaram um protesto na frente
à residência do idoso. Eles colocaram fogo em objetos e escreveram a palavra
"assassino" no muro do imóvel.
Ainda de acordo com o G1 BA, o caso é
investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios/Baía de Todos-os-Santos (3ª
DH/BTS). A Polícia Civil informou que o suspeito poderá ser indiciado por
homicídio e tentativa de homicídio, já que a companheira da vítima também foi
baleada.
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