Um levantamento da Campanha Despejo Zero, articulação nacional que reúne mais de 140 organizações, entidades, movimentos sociais e coletivos, aponta que Pernambuco é o terceiro estado do Brasil em que famílias vêm sofrendo ameaças de serem expulsas de suas casas, atrás apenas de São Paulo (26.993) e Amazonas (19.173), respectivamente. Aqui, são 9.299 famílias correndo risco de não ter onde morar, situação que se agravou bastante em consequência direta da pandemia da Covid-19.
No país, os dados registram um aumento de 340% no número de
famílias despejadas no último ano, saindo das 6.373 registradas até agosto do
ano passado para 21.725 até agosto deste ano. Já o aumento no número de
famílias ameaçadas foi de 485%, 18.840 até agosto de 2020 para 91.305 no
mesmo período. Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas registraram
os maiores números de despejos: 4.862, 4.622 e 3.080 famílias, respectivamente.
Mas Paraná, Piauí e Pernambuco também chamam atenção com números preocupantes:
1.656, 1.325 e 2.000 famílias, respectivamente.
“Uma moradia digna é a porta de entrada para uma série de
outros direitos, como saúde, educação e segurança. Em plena pandemia milhares
de pessoas estão ameaçadas de serem alijadas de um direito básico e
constitucional. Com a aprovação da lei em Pernambuco que suspende os despejos
durante a pandemia, esperamos que o governador sancione a lei e garanta um
pouco de tranquilidade a essas famílias”, defendeu Socorro Leite, diretora
executiva da Habitat para a Humanidade Brasil, uma das organizações que
integram a Despejo Zero.
A campanha tem atuado fortemente para impedir ações de
despejos em todos estados brasileiros, tendo êxito em ações que ajudaram 8.508
famílias, até julho último. Segundo dados do IPEA, 88% das famílias que compõem
o déficit habitacional brasileiro têm renda familiar de até três
salários-mínimos. Os trabalhadores de menor renda foram precisamente os mais
atingidos com as consequências da Covid-19, sofrendo com o rebaixamento
salarial e a perda de emprego, situação especialmente pior entre mulheres,
negros e jovens.
“O nosso País passa por uma grande crise sanitária e
econômica que está atingindo principalmente o povo pobre e trabalhador. Com
Pernambuco, essa realidade não é diferente. As pessoas estão sofrendo com a
fome, com a miséria, com o desemprego, e com os despejos. São pessoas que não
têm como pagar aluguel e não têm uma moradia digna, criando um verdadeiro
tormento para todas as pessoas atingidas. Isso vem junto com uma política de
desmonte do programa Minha Casa Minha Vida e do orçamento zero para habitação
que o Governo Federal propôs para esse ano”, disse Kléber Santos, coordenador
do Movimento de Luta nos Bairros e Favelas (MLB).
Habitat
Brasil
A Habitat Brasil trabalha diretamente na questão da moradia e
está no País há quase 30 anos. A ONG está presente em mais de 70 países.
Dentre as ações realizadas, 2.257 casas já foram reformadas, beneficiando
11.285 pessoas com um lar mais digno para viver. Até dezembro deste ano, a
organização tem a meta de realizar mais 398 reformas, que irão beneficiar 1.990
brasileiros, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e o Distrito Federal.
Em meio à pandemia, a Habitat Brasil injetou R$ 4,7 milhões
em comunidades no país, realizando obras de melhorias habitacionais. Em todos
os projetos, são comprados materiais de construção de empreendimentos locais e
a contratação de mão de obra ocorre na comunidade, com o objetivo de apoiar o
desenvolvimento econômico local.
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