Policiais Militares de diversos Estados do Brasil se preparam para ampliar os atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para o próximo dia 7 de setembro –feriado da Independência.
O Poder360 acompanhou
a movimentação de grupos de WhatsApp de agentes de São Paulo e do Rio de
Janeiro. Praças e oficiais das ativa e da reserva falam em “exigir” o poder, luta contra o comunismo e retirada
dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em um dos grupos acessados, “Rota Eterna”,
policiais chegam a combinar de comparecer à manifestação da Avenida Paulista
usando as boinas da corporação. Ideia apoiada pelos outros contatos, reconhecidos
como capitães e sub-tenentes da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, grupo de
elite da PM de São Paulo.
Veteranos da Rota falam em “não pegar em armas”,
mas se em se posicionar como “batalhão de vanguarda”.
Colocam o presidente Jair Bolsonaro como mártir do que chamam de “guerra ideológica”. “Participamos e resolvemos
Canudos, após 3 tentativas infrutíferas do governo federal pediram ajuda ao
nosso batalhão e quando fomos resolvemos o problema. Participamos de todos
movimentos e revoluções do país mas agora a missão é outra, não falo em pegar
em armas, mas nos posicionar como Batalhão da vanguarda e no dia 7 de Setembro
unirmos forças e mais uma vez, todos nós veteranos mostrarmos nossa força
(SIC).”
Policiais do Rio de Janeiro pretendem marchar de Niterói até a praia de
Copacabana. Segundo a última mensagem no grupo “PMS DO BRASIL ”, 5 ônibus
lotados de agentes são esperados no dia 7. Falam em maior manifestação da
história do país. “Sangue nos olhos e muito amor no
coração pela nossa pátria! Deus, Pátria, Família e Liberdade!!!
Que os bons se unam!”
Nesta 2ª feira, o governador João Doria (PSDB) resolveu
afastar o coronel Aleksander Lacerda, responsável por 7 batalhões da PM no
interior paulista. Aleksander usava as redes sociais para insuflar PMs para
comparecer aos atos. Pediu tanques nas ruas, disse que a liberdade “se toma” e fez duras críticas e ofensas contra os
ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Edson Fachin e Alexandre de Moraes, do STF.
No sábado, o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo Ricardo
Nascimento de Mello Araújo divulgou um vídeo conclamando policiais do Estado a
participarem das manifestações a favor de Bolsonaro. Mello Araújo é
ex-comandante da Rota e atual presidente da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e
Armazéns Gerais de São Paulo), empresa pública federal, vinculada ao Ministério
da Economia.
Nas redes sociais, circula também o vídeo do coronel reformado do Corpo de
Bombeiros Davi Azim, do Ceará, convocando apoiadores para “adentrar ao STF e ao Congresso” no 7 de Setembro.
Assista ao vídeo abaixo (7min26seg):
Nas redes sociais, circula também o vídeo do coronel reformado do Corpo de
Bombeiros Davi Azim, do Ceará, convocando apoiadores para “adentrar ao STF e ao
Congresso” no 7 de Setembro. Assista ao vídeo abaixo (7min26seg):
Assista:
RISCO INSTITUCIONAL
Para o pesquisador do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública e professor de gestão pública da FGV (Fundação
Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, o que acontece em São Paulo mostra uma
contaminação ideológica forte na PM. “Se isso acontece em SP, que tem uma das policiais mais
disciplinadas do Brasil, a gente fica imaginando o que está acontecendo no
resto do país”, disse.
“A minha preocupação é que aconteçam manifestações com violência,
que a polícia decida ficar de um lado desses manifestantes, que as Forcas
Armadas não consigam controlar essa situação ou não tenham interesse. Então o
Brasil tem um sério risco de caminhar para uma quartelada daqui até a eleição.”
O Poder360 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para saber qual é a posição do Estado quanto a policiais da ativa comparecendo em protestos. O espaço segue aberto.
Blog: O Povo com a Notícia