Três jovens registraram queixa na Polícia Civil contra alunos do curso de formação da Polícia Militar por agressão, injúria racial, homofobia e ameaça. Eles contam que foram agredidos na quarta-feira (23), na Praia da Avenida, em Maceió, sem qualquer motivo. Em entrevista ao g1 nesta sexta (25), os amigos relataram que viveram momentos de terror.
Os amigos pediram para que não fossem identificados na reportagem por medo de represálias.
"Eu não posso nem lembrar que já me sinto mal. Foi uma verdadeira barbaridade o que fizeram com a gente. No estado em que eu estou, não consigo nem mesmo ver uma viatura na rua que me sinto muito mal. Eu estou tendo dificuldade de sair na rua", disse um deles.
Eles contam que cerca de 20 alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) da Polícia Militar fazia um treinamento na praia quando passaram por um grupo que estava fumando nas pedras do calçadão da praia. Houve troca de xingamentos, o grupo fugiu, mas os três amigos que estavam próximo permaneceram sentados, observando tudo.
"A gente estava na praia conversando após uma sessão de fotos. Perto da gente tinha um pessoal que estava fumando, eles [alunos] passaram e ficaram xingando. Esse grupo ficou zombando, rindo, eles ouviram e partiram para cima da gente. E, mesmo a gente dizendo que não tinha nada a ver com aquilo, apanhamos", contou outra vítima.
O caso foi denunciado na Delegacia de Proteção ao Turista e vai ser investigado pelo 22º Distrito.
Por meio de nota, o Comando Geral da Polícia Militar de Alagoas disse que não compactua com desvios de conduta, excessos ou agressões praticados por policiais. Essa regra vale também para o Curso de Formação de Praças (CFP), onde os futuros soldados são instruídos sobre os princípios da hierarquia e da disciplina – que formam a base do militarismo.
Disse ainda que quanto ao caso abordado pela reportagem, até agora nenhuma queixa ou denúncia foi formalizada na Corregedoria da corporação. A partir da denúncia formal, um oficial da PM será designado para a devida apuração do caso.
Os crimes de racismo e injúria racial são inafiançáveis, com pena de dois a cinco anos de prisão, prevista em lei que também protege a liberdade religiosa. Já a homofobia é equiparada ao crime de injúria racial, seguindo entendimento validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Além da violência física, as vítimas disseram que os agressores também deixaram um prejuízo financeiro, já que quebraram os celulares de dois deles.
"Quebraram sem pena. Quebraram o meu celular, quebraram o de outro amigo e ele acabou de comprar um iPhone 13, ainda está com a nota fiscal. Eles roubaram nossa caixinha de música, falaram que no batalhão estava precisando de uma e levaram. Rasgaram a minha sandália também", lamentou.
Dois dias após as agressões, os amigos ainda tentam superar todo o trauma vivido na quarta-feira. Eles dizem que vão ingressar com um processo e esperam que os agressores não sejam integrados à corporação.
"Eles jogaram uma cadela no cio em cima de mim. Perguntaram se eu estava tomando anticoncepcional e deixaram a cadela em cima de mim, fiquei todo arranhado. Foi muito humilhante. A gente só espera que eles não possam estar nas ruas, pois já mostraram que não têm a menor capacidade emocional e psicológica para lidar com a sociedade", disse uma das vítimas. (Via: G1 AL)
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