A investigação da Polícia Federal (PF) que culminou na prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, teve início a partir de uma denúncia feita por um servidor que atuava na Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão do ex-titular da pasta, Anderson Torres, durante a eleição presidencial do ano passado.
O servidor, que atua como analista de cybercrimes, foi o autor do boletim de inteligência com dados de votos do primeiro turno das eleições de 2022 entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Em depoimento à PF, ele revelou ter recebido um pedido para produzir o documento partiu da chefia imediata dele, a diretora Marília Alencar. O servidor disse que “estranhou” a demanda e, por isso, buscou a Polícia Federal.
Marília Alencar disse que à PF que o documento, feito a pedido de Torres, tinha como objetivo apurar um indicativo de compra de votos em regiões que apresentaram alta votação. A ex-diretora revelou ter pedido que a planilha fosse “extraída, impressa e entregue”. Ela disse ainda que apresentou o documento a Torres “numa reunião na qual também estavam presentes outros servidores” e que acredita que o ex-ministro ficou com a planilha, que eram “páginas envolvendo ambos os candidatos”.
O boletim produzido pela Inteligência do Ministério da Justiça apresentava quais eram as cidades em que Lula e Bolsonaro marcaram mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições de 2022. O relatório foi entregue ao então ministro Torres. No entanto, ele disse, em depoimento, que não “passou para frente” e que não foi usado.
Com base nos depoimentos concedidos por outras dez pessoas, a PF reuniu elementos para deflagrar a operação desta quarta-feira pela PF.
Silvinei Vasques foi preso pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (9), em Santa Catarina, por suspeita de ter interferido no segundo turno das eleições de 2022, ao realizar blitzes em todo o país, especialmente na região Nordeste.
Além do ex-diretor-geral da PRF, a PF cumpriu outros dez mandados de busca contra ex-diretores e o ex-corregedor da PRF, em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte.
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