O presidente Lula (PT) disse nesta segunda-feira (8) que "perdão soaria como impunidade" e que o ato que marca um ano dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes, em Brasília, marca a vitória da democracia sobre o autoritarismo.
"Nunca uma caminhada tão curta teve tanto significado na história do nosso país. A coragem de parlamentares, governadores e governadoras, ministros e ministras da Suprema Corte, de Estado, militares legalistas e sobretudo da maioria do povo brasileiro garantiu que nós estivéssemos aqui hoje celebrando a vitória da democracia sobre o autoritarismo", disse.
"Não há perdão para quem atenta contra democracia e contra seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade, para novos atos terroristas do nosso país. Salvamos a democracia. Mas a democracia nunca está pronta. Precisa ser construída e cuidada todo santo dia", afirmou ainda.
A declaração foi feita durante evento reúne no Congresso Nacional centenas de convidados, entre autoridades e representantes da sociedade civil.
O evento leva o nome da campanha lançada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no ano passado, "Democracia Inabalada", e conta ainda com a presença de governadores e prefeitos.
O evento, realizado no salão no salão negro do Congresso Nacional, contou com a presença, além de Lula, dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Na abertura do ato, o hino nacional foi cantado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhada pelo grupo Choro Livre.
Autoridades fizeram uma espécie de reapresentação da tapeçaria de 1973 de Burle Marx após a restauração. Em 8 de janeiro, a obra foi rasgada e suja de urina por vândalos.
No dia seguinte aos ataques, Lula conseguiu reunir todos os chefes de executivos estaduais no Planalto, com ministros de estado e do Supremo, num ato de repúdio. Na cerimônia desta segunda, contudo, integrantes da oposição não participam, assim como governadores alinhados a Jair Bolsonaro (PL).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também não participa. Era previsto que ele até discursasse, mas o deputado cancelou presença alegando problemas de saúde na família.
Um ano atrás, apoiadores do ex-presidente insatisfeitos com a derrota na eleição depredaram as sedes dos três poderes e pediam por intervenção militar. No dia seguinte ao ataque, ocorreram prisões de milhares de golpistas que acampavam em frente ao QG do Exército em Brasília.
Em declaração por vídeo enviada à Folha de S.Paulo no último sábado (6), Lula relembrou ataques golpistas do ano passado e disse que rechaçou decretar a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para não terceirizar aos militares o comando de uma crise que, segundo ele, deveria ser resolvida na política.
"Nas conversas que eu tive com o ministro Flávio Dino, e foram muitas conversas, dentre várias coisas que ele me falou, ele aventou que uma das possibilidades era fazer GLO. E eu disse ao ministro Flávio Dino que não teria GLO. Eu não faria GLO porque quem quiser o poder que dispute as eleições e ganhe, como eu ganhei as eleições", afirmou.
"Por que eu, com oito dias de governo, iria dar para outras pessoas o poder de resolver uma crise que eu achava que tinha que resolver na política? E foi resolvida na política."
Segundo aliados do mandatário, houve no governo quem defendesse o decreto de GLO para tentar dar fim às cenas de vandalismo em Brasília. A avaliação de autoridades naquele dia era que as forças de segurança do Distrito Federal, como a Polícia Militar, não estavam agindo para conter os manifestantes.
Havia ainda um clima de desconfiança muito grande em relação aos militares, devido à associação dos fardados com o governo anterior. No lugar da GLO, Lula optou por uma intervenção na segurança pública do Distrito Federal.
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