Veio a público hoje que o juiz Eduardo Appio reconheceu que teve “conduta imprópria” quando era juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato, ao telefonar sem ID de chamada para o namorado da filha de Sergio Moro e sócio do escritório de advocacia do ex-juiz. O rapaz também é filho do desembargador que revisava as decisões de Eduardo Appio.
O telefonema, feito em abril de 2023, foi de caráter exploratório e intimidador. Nele, o juiz se apresentou falsamente como “Fernando Gonçalves Pinheiro”, suposto servidor da área de saúde da Justiça Federal.
Diante da admissão de “conduta imprópria”, o CNJ arquivou o processo disciplinar contra ele, iniciado no contexto de uma correição extraordinária que apura a conduta da Lava Jato, levada a cabo pelo corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão. A correição ainda está em andamento. Eduardo Appio já havia sido afastado da 13ª Vara, em maio do ano passado, e hoje dá expediente em uma vara previdenciária. Ele concordou em não voltar à vara criminal.
Depois que assumiu a 13ª Vara, descobriu-se que Eduardo Appio, crítico acerbo da Lava Jato, usava a senha LUL2022 para acessar o sistema da Justiça Federal. Ele negou ser petista, mas chegou a ser considerado suspeito pelo TRF-4 e teve todas as suas decisões anuladas no âmbito da operação. O ministro Dias Toffoli, que também não é petista, anulou a suspeição de Eduardo Appio e restaurou todos os atos de LUL2022.
Reconhecer “conduta imprópria” não cancela o fato que deveria ser inadmissível um magistrado fazer um telefonema sem ID de chamada, sob falsa identidade, de caráter exploratório e intimidador. Em nota enviada ao jornalista Caio Junqueira, que deu primeiro a notícia sobre os termos do encerramento do processo disciplinar, Eduardo Appio disse que hoje é um “juiz ficha limpa”. A Justiça brasileira está cheia de fichas limpas. (Via: Metrópoles)