Presa preventivamente, a companheira do capitão da Polícia Militar da Bahia (PMBA) Fabrício Carlos Santiago dos Santos, Fabiane Evangelista dos Santos, era a responsável por organizar toda a logística da organização criminosa suspeita de vazar informações sigilosas envolvendo operações desencadeadas pela corporação.
Segundo as apurações do Ministério Público da Bahia (MPBA), Fabiane tinha papel ativo na rede de cobrança de propinas, fazendo a gerência de todo o esquema criminoso. A mulher do oficial controlava o balanço financeiro faturado com as propinas pagas por comerciantes. Fabiane ainda garantia a realização da segurança dos locais, utilizando a força policial do estado.
Da mesma forma, a mulher cuidava da cobrança após os “clientes” serem informados sobre a deflagração de operações organizadas pela Polícia Militar baiana ou, então, repassava detalhes sobre a localização exata onde havia sido montada alguma blitz.
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra integrantes da organização criminosa que, segundo as investigações, cobrava valores e vantagens de empresários e comerciantes na região de Porto Seguro (BA) para livrá-los de ações policiais. O oficial da PM foi exonerado do comando da 4ª Companhia de Polícia Militar de Santa Cruz Cabrália.
A Operação Sordidae Manus contou com homens do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Sul), da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), da Corregedoria da Polícia Militar da Bahia (Correg) e da Força Correcional Especial Integrada (Force/Coger).
Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália, Eunápolis e Ilhéus, inclusive na residência do PM e em sedes de empresas.
Os mandados foram expedidos pela Vara de Auditoria Militar de Salvador e pela Vara Criminal da Comarca de Santa Cruz de Cabrália.
PM no crime
O procedimento investigatório criminal, instaurado a partir de provocação da própria Polícia Militar, tramita na Promotoria de Justiça de Santa Cruz Cabrália. Segundo as investigações do Gaeco, o oficial seria um dos principais integrantes da organização criminosa.
Segundo os investigadores, o PM teria recebido valores indevidos de empresários, comerciantes, pessoas com litígios de terras e políticos locais de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro e outros municípios da região.
Em troca do dinheiro, o PM teria retardado ou deixado de praticar seu dever funcional de policial, inclusive avisando aos comerciantes locais sobre operações da Polícia Militar, para evitar abordagens e possíveis apreensões e flagrantes contra os transgressores.
O capitão é investigado por crimes de prevaricação, associação criminosa, corrupção passiva, concussão (exigir vantagem indevida em razão da função pública), ameaças, receptação, extorsão, lavagem de dinheiro, peculato, dentre outros.
Comerciantes da região também são alvo de investigação, por crime de corrupção ativa. O material apreendido na operação será analisado pelo Ministério Público e em seguida enviado para ser periciado. (Via: Na Mira)
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