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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Mulher é encontrada morta em casa após fazer 'harmonização de bumbum' em clínica no Recife

Uma mulher de 46 anos foi encontrada morta no banheiro de casa horas após realizar uma “harmonização de bumbum” - procedimento estético que promete ganho de volume, além de reduzir flacidez e celulites. Segundo familiares, Adriana Barros Lima Laurentino se queixou de dores intensas logo após ser liberada pela clínica onde realizou o procedimento.

A “harmonização de bumbum” foi realizada no sábado (10), na clínica Bodyplastia, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. De acordo com a família de Adriana, o procedimento foi feito pelo médico Marcelo Alves Vasconcelos utilizando polimetilmetacrilato, uma substância conhecida como PMMA.

Em entrevista à TV Globo, a empresária Rita de Cássia Barros, contou que a prima, Adriana, levava um estilo de vida saudável, praticava exercícios físicos regularmente e nunca tinha apresentado nenhum grave problema de saúde.

Segundo o atestado de óbito, Adriana morreu de "choque séptico" (infecção generalizada) e "infecção no trato urinário".

“Como uma pessoa em plena saúde, após um procedimento, em poucas horas, acaba morrendo? A gente está sofrendo muito. O filho dela é muito grudado com ela, ele está em choque. [...] Era uma pessoa que estava cheia de sonhos, se cuidando. É um procedimento caro e que acabou com a vida da minha prima”, comentou Rita de Cássia.

De acordo com a prima de Adriana, ela só havia compartilhado com o filho que iria realizar a harmonização. Os detalhes sobre a contratação do serviço só foram descobertos quando a família acessou seu celular, após a morte.

Procurado pelo g1, o médico Marcelo Vasconcelos disse, por meio de sua defesa, que não há relação entre a morte da mulher e o procedimento realizado na clínica (veja mais abaixo).

PMMA

Nas conversas, a equipe do médico Marcelo Alves Vasconcelos se refere ao produto a ser aplicado como “preenchedor definitivo”. Cada mililitro (ml) do produto é comercializado por R$ 60, com a opção de preenchimento com doses que variam entre 180 e 840 ml. Dessa forma, um procedimento com 180 ml custaria R$ 10.900, enquanto a aplicação de 840 ml seria R$ 50.400.

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Nas conversas com Adriana Barros Lima pelo WhatsApp disponibilizadas pela família para a reportagem da TV Globo, a clínica explica que o procedimento é definitivo e cita algumas quantidades que podem ser injetadas e os valores.

Apesar de não mencionar na conversa que o “preenchedor definitivo” se tratava de PMMA, postagens da Bodyplastia, no Instagram, e no site do médico Marcelo Alves Vasconcelos mencionam a utilização do PMMA.

A página do médico afirma que a “harmonização corporal” com PMMA não é perigosa, "desde que realizada por profissionais capacitados, em locais aprovados pela vigilância sanitária e com produto autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)".

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no entanto, é contrária ao uso do PMMA e recomendou que a Anvisa banisse a substância, em novembro de 2024, por conta de “enorme preocupação com a saúde da população”.

“Por todos os estudos e 'guidelines', infere-se que o PMMA é um material não reabsorvível e permanente, que apresenta complicações frequentemente observadas anos após sua aplicação, incluindo formação de nódulos, granulomas, processos inflamatórios crônicos, embolias, necroses teciduais, infecções persistentes, hipercalcemia, insuficiência renal, deformidades irreversíveis e até mortes”, publicou o conselho em nota.

De acordo com Rita de Cássia, prima de Adriana, a clínica não prestou qualquer suporte à família, nem entrou em contato para passar informações sobre as circunstâncias em que o procedimento foi realizado.

“A gente tentou entrar em contato, não teve apoio. A gente não sabe se teve horas de observação lá, se fez exames. A gente só quer respostas. A gente tentou ligar logo no dia que a gente encontrou [Adriana morta], mas não atenderam. Foi uma dor gigante”, disse. (Via: g1)