Três pessoas foram condenadas pela Justiça Federal na Bahia por envolvimento em um esquema de tráfico internacional de armas. A decisão decorre de denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), com base na Operação Dakovo, realizada em parceria com a Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado na Bahia (Gaeco-MPF/BA).
Os condenados foram sentenciados a até seis anos e nove meses de reclusão em regime fechado, além de multas que variam de 144 a 162 dias-multa e indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 50 mil cada. O MPF informou que recorrerá para ampliar as penas impostas aos réus.
Deflagrada em dezembro de 2023, a operação desvendou um esquema multimilionário que envolvia o envio de armamentos da Europa e da Turquia para facções criminosas no Brasil, como o PCC e o Comando Vermelho. A sentença reconheceu a gravidade das acusações, destacando o papel sistemático dos réus na logística e comercialização dos armamentos no mercado ilícito.
A decisão também determinou a manutenção das prisões preventivas, com base no risco que os acusados representam à ordem pública e no envolvimento direto deles no fornecimento de armas para outros grupos criminosos. A Justiça apontou a atuação transnacional da organização criminosa, que articulava importadores, intermediários e revendedores para inserir armamentos no Brasil.
Segundo as investigações, a operação revelou que uma empresa sediada no Paraguai era responsável por importar pistolas, fuzis e munições de países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, utilizando números de série raspados e registros fraudulentos. Entre 2019 e 2023, o grupo teria importado cerca de 43 mil armas, movimentando cerca de R$ 1,2 bilhão.
A denúncia contra os três condenados foi baseada em um inquérito policial que começou após a apreensão de 25 armas croatas, munições e acessórios em Vitória da Conquista, em novembro de 2020, durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
No decorrer das investigações, foram apreendidas 659 armas em 10 estados brasileiros. A operação contou com a colaboração de órgãos internacionais, como a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai e a Força-Tarefa Internacional de Combate ao Tráfico de Armas.
Além dos três já condenados, outras 27 pessoas, incluindo o líder da organização criminosa, ainda estão sendo processadas. Eles são acusados de tráfico de armas, lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos no Brasil e no exterior, reforçando o caráter transnacional do esquema.
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