Formada em Relações Internacionais e Artes Cênicas, a jovem Maria Clara Lopes Rolim decidiu mudar de carreira aos 23 anos. Com vontade de impactar o mundo após seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), optou por mergulhar de cabeça e ingressar na faculdade de medicina.
E, após muito esforço, Maria Clara conseguiu o que queria conquistando uma nota acima do corte em 86 faculdades de medicina das 88 que oferecem vagas de ampla concorrência pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), em 2025.
Ao abordar em seu TCC a Governança da Saúde Global durante o período da pandemia, ela percebeu que queria algo a mais para a vida. Ao jornal O Globo, a moça contou um pouco do que sentiu.
"Foi com o meu TCC, somado ao choque da pandemia que, mesmo com dois diplomas na mão, eu me vi na necessidade de mudar de carreira", explica.
Ela segue contando sua história e afirmando que estava em busca de um propósito de vida, sendo esse o ponto de partida para a escolha de seguir uma carreira na área da saúde.
"Me vi em uma situação em que não me sentia útil para a sociedade, sentia que, por estudar tanto durante toda a minha vida e desenvolvido esse lado intelectual acadêmico, eu não estava utilizando isso com toda a potência que poderia. Eu buscava por um propósito de vida; foi isso que me motivou a escolher uma área na qual eu fosse encarregada de fazer o bem, ajudar pessoas, curar, tratar, melhorar a qualidade de vida", conta.
Mesmo com dois diplomas, a estudante sabia que não seria fácil a mudança de carreira, passando então por um ano de estudos, revisando conteúdos do ensino médio e entrando num curso especializado para estudantes de medicina. Após todos os esforços, Maria Clara percebeu que seria necessário uma mentoria particular para melhorar seu engajamento em seu propósito.
"Durante a mentoria senti uma mudança drástica porque eu pude potencializar meu método de estudos, organização de rotina, definir o que era prioridade no meu dia a dia, como e quando atacar minhas dificuldades, no que focar em cada dia da semana, programação de simulados, quantidade de redações, sem me sentir sobrecarregada e, ao mesmo tempo, tendo rendimento, justamente por estar focando nas coisas certas para cada momento, e esse acompanhamento, para mim, foi o diferencial", disse.
A aprovação, porém, não veio de imediato. Maria Clara se dedicou e estudou por três anos, até que, no último Enem, realizado em 2024, ela acertou 165 das 180 questões da prova e teve a redação avaliada em 960 pontos, que era mais do que suficiente para as pretensões da estudante.
Após tudo isso, Maria Clara foi aprovada em 14° lugar entre as 100 vagas de ampla concorrência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
"Ver meu nome ali foi surreal. Era a concretização de anos de muitos estudos. Abri mão de sair com amigos, de viver relacionamentos, de viajar e muito mais. Mas hoje eu afirmo que cada momento de ansiedade, cada madrugada estudando e cada puxão de orelha da minha mentora Dani Caldas valeu a pena. Meus pais foram meus maiores apoiadores e, sem eles, nada disso teria sido possível. Eu não tenho como descrever o que sinto agora", relembrou.
Agora, Maria Clara pretende atuar como cirurgiã em cardiologia ou neurologia, mas não descarta que durante seus estudos ela possa vir a mudar de ideia e conhecer novas especializações, desafios e possibilidades da profissão.
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