Manifestantes ligados ao
movimento negro, ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e a torcidas
organizadas de times de futebol se reúnem na tarde deste domingo, no largo da
Batata (zona oeste de São Paulo), para uma manifestação contra o presidente
Jair Bolsonaro e o racismo e a favor da democracia.
“Ninguém queria estar na rua agora. Todo mundo queria estar em casa se
protegendo [da Covid-19]”, diz Guilherme Boulos, líder do MTST que se
candidatou à Presidência em 2018. “O problema é que criou-se uma escalada
fascista no Brasil. Por isso essas manifestações têm que acontecer.”
Ele afirma que a organização do ato tomou medidas de precaução contra a
transmissão do novo coronavírus. “Tem toda uma orientação para ser possível
fazer manifestação pró-democracia sem ser vetor [da doença]”, afirma.
Entre elas, cita a distribuição de máscaras de proteção e álcool gel pelo
MTST e os sinais de “x” inscritas com giz no chão pela brigada de saúde do MTST
e distantes um metro uma da outra.
Mas, apesar de o carro de som pedir que os manifestantes se posicionem sobre
essas marcas, a maioria das pessoas se agrupa em distâncias menores, enquanto
entoam gritos contra o presidente e o racismo.
Entre as palavras de ordem estão: “Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é
miliciano”, “Um, dois, três, quatro, cinco mil, lugar de fascista é na ponta do
fuzil” e “fora Bolsonaro!”.
“Estamos enfrentando o bolsovírus”, diz uma representante do movimento
negro de cima do carro de som que começou a mobilizar os presentes por volta
das 14h40. “Não podemos ficar em casa. Se ficarmos, ou morremos do vírus ou de
bala perdida. Não podemos aceitar esse estado fascista.”
Quatro policiais militares vestindo coletes com a inscrição “mediador”
circulam entre os manifestantes, conversando com representes dos grupos
presentes na manifestação.
“Estamos nos colocando à disposição deles para que eles tenham um canal
rápido com a PM, para mantermos um diálogo rápido e evitar ruídos e
incidentes”, diz capitão Vilardi, à frente desse grupo de policiais.
No domingo passado, a polícia lançou mão com bombas e prisões durante a
manifestação na avenida Paulista que reuniu manifestantes contra e a favor de
Bolsonaro.
Blog: O Povo com a Notícia