Em entrevista à jornalista
Miriam Leitão, na GloboNews, ao lado de Marina Silva (Rede) e do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT)
conclamou uma união suprapartidária em defesa à democracia e fez um ataque
indireto ao ex-presidente Lula, que se recusou a assinar o manifesto que ganhou
a adesão de artistas, políticos e intelectuais.
O pedetista, candidato à
Presidência em 2022, disse que o "povo" não entenderá aquele que não
conseguir deixar de lado qualquer "mágoa" ou "mimimi"
para se juntar à luta, e relembrou as graves consequências do rompimento do
Estado de Direito que aconteceu na Ditadura Militar de 1964.
De acordo com Ciro, frente ao
difícil momento que atravessa o país, com manifestações antidemocráticas que
pedem o fechamento do Congresso Nacional, endossadas pelo presidente Jair
Bolsonaro (sem partido), "dar as mãos a adversários" políticos em
nome da "democracia brasileira" não deve ser um problema.
"É defesa da democracia,
vamos fazer o que for necessário. Ora, dar as mãos a adversários políticos?
Isso é nada. Ninguém do povo vai entender a superficialidade, leviandade, de
qualquer um de nós, que por 'mimimi', manha, mágoa, seja lá por que diabo for,
não cumpra a tarefa de proteger a democracia que custou vida a muitos
brasileiros", disparou.
O trecho da entrevista foi
compartilhado pelo ex-governador do Ceará em suas redes sociais na tarde desta
quarta-feira (9).
Ciro citou como exemplo a
própria jornalista Miriam Leitão, que foi torturada durante o regime militar, e
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi exilado, e definiu quem
não decidir pela união deve ser considerado um "traidor".
"Você [Miriam Leitão]
mesmo foi torturada, generosamente não lembra ninguém, mas eu posso lembrar,
você, Miriam Leitão, foi torturada. Fernando Henrique abarcou o exílio, e nós
vamos esquecer tudo isso? Nem a pau, juvenal! Vamos pro cacete, vamos defender
a democracia brasileira e quem não vier é traidor", declarou.
Ministro da Integração
Nacional do primeiro mandato do governo Lula, o pedetista atualmente é um
crítico ferrenho que do que denomina como "lulopetismo". Candidato
derrotado no primeiro turno em 2018, Ciro costuma se colocar como uma terceira
via na disputa antagônica entre o PT e Bolsonaro.
Para 2022, a esperança de uma
frente ampla que una a esquerda e o centro ainda está distante, principalmente
com a presença do PT. Mesmo a revelia do próprio ex-presidente, que admitiu ter
passado da idade de voltar a brigar pelo comando do Palácio do Planalto, a líder nacional do partido,
Gleise Hoffman, confessou que ainda sonha com a candidatura de Lula na próxima
eleição presidencial.
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