O Ministério da Saúde quer recontar as
mortes por covid-19 no Brasil, sob o argumento de que haveria óbitos a mais,
ocorridos por outras doenças, mas erroneamente registrados como coronavírus. Na
avaliação da cúpula da pasta, Estados e municípios estariam manipulando
informações para se beneficiarem de recursos do governo federal.
Até o
momento, nenhum apontamento sobre esses supostos erros foi feito pelo
ministério, que ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto. Ao
contrário, há um entendimento de que o problema é inverso: milhares de mortos
estariam sendo enterrados sem ter a causa da morte devidamente apurada, ou
seja, o número total seria maior. O próprio Ministério da Saúde informava, até
a última quinta-feira, que havia mais de quatro mil óbitos sendo
investigados, além daqueles já confirmados. Esses dados já não constavam no
balanço desta sexta-feira.
Depois
de o Ministério da Saúde atrasar o horário de divulgação de números do
coronavírus e deixar de divulgar a quantidade total de mortos e
contaminados, o site do governo que traz os dados sobre a doença no país continua
fora do ar.
Em
uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro disse que a pasta “adequou a
divulgação dos dados sobre casos e mortes para maior precisão”. O portal do
Ministério da Saúde que divulga estatísticas do coronavírus está fora do
ar desde esta sexta-feira.
Em
sua conta do Twitter, Bolsonaro disse que o ministério optou pela divulgação às
22h, para evitar “subnotificação e inconsistências” e que as rotinas e fluxos
estão sendo “adequados” para garantir a “melhor extração” dos dados diários, o
que demanda aguardar relatórios das secretarias estaduais e a checagem do
dados. “A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco subnotificação. Os
fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão”, escreveu.
Ao
longo do enfrentamento da doença, a coleta de informações evoluiu com
capacitação e serviços laboratoriais. As medidas, assim, permitem obter
números mais precisos sobre cada região. Nesta sexta, ao ser questionado
sobre a mudança no horário, na porta do Palácio da Alvorada, o presidente
disse: “Acabou a matéria no Jornal Nacional”.
No
Twitter, Bolsonaro também tentou justificar o fato de o Ministério da Saúde não
informar mais os números acumulados de casos e mortes causados pelo
coronavírus. “Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não
está com a doença, não retratam o momento do país”, disse.
O
presidente tuitou ainda que “outras ações estão em curso para melhorar a
notificação dos casos e confirmação diagnóstica”, sem especificar.
Bolsonaro
disse ainda na rede social que a coleta de informações evoluiu e permite obter
dados mais precisos sobre cada região. “A divulgação dos dados de 24 horas
permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias
adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações
como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para
preparação”, escreveu o chefe do Executivo federal.
Diante
do atraso do governo em divulgar os números, o ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU), Bruno Dantas, disse que cogita propor à corte de contas que
consolide e divulgue os dados diariamente, até às 18 horas. Em sua conta
Twitter, Dantas disse que vai fazer a sugestão aos ministros do tribunal.
Caberia ao órgão coletar os dados junto a tribunais de contas estaduais e
consolidar as informações.
“Com
as novas dificuldades para divulgar números nacionais de infectados,
curados e óbitos da covid-19, as instituições devem ajudar. Cogito propor ao
@TCUoficial e aos tribunais de contas estaduais que requisitemos e consolidemos
dados estaduais para divulgação diária até 18h”, afirmou.
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