De cada 100 pessoas presas em
flagrante em Pernambuco, 46 são soltas imediatamente depois das audiências de
custódia, segundo a Polícia Civil. A liberação de suspeitos pelo Judiciário no país,
até junho deste ano, é de 44,68%, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Para os chefes das Polícia Militar e Civil pernambucanas, essa prática
representa um desestímulo para o agente de segurança pública que vai para as
ruas combater o crime.
Em entrevista ao G1, na manhã
desta terça-feira (29), o comandante da Polícia Militar de Pernambuco, coronel
Vanildo Maranhão, ressaltou que conhece a sensação do PM que vai para a ação,
prende o suspeito e o leva para a delegacia. Depois, observa essa pessoa sendo
liberada pelo Juiz. “Tenho muitos anos de operações e sei bem como se sente o
policial. O juiz aplica a lei. Ele deve aplicar sim. Tem que rever toda a
questão penal do Brasil”, apontou.
O chefe da Polícia Civil do estado, delegado Joselito do Amaral, acredita
que a população se ressente diante das solturas após as audiências. “É
impactante sim, principalmente, para quem é vítima do assalto. A pessoa sofre o
assalto e sabe que o suspeito foi solto. Existe esse impacto. Quase metade do
esforço operacional acaba na audiência”, afirmou.
Amaral ressalta que existe preocupação com a reincidência de quem recebe
esse benefício. “Não devemos culpar o Judiciário. É uma legislação que foi
criada. É uma realidade nova e devemos enfrentar isso”, declarou.
O objetivo da audiência de custódia é que o juiz analise a necessidade de
continuidade de uma prisão realizada em flagrante no prazo máximo de 24 horas
de sua execução. Durante a audiência, o magistrado avalia a prisão sob o
aspecto da legalidade, da necessidade e adequação da continuidade da prisão ou
da eventual concessão de liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas
cautelares. Poderá avaliar também eventuais ocorrências de tortura ou de
maus-tratos.
A audiência judicial de custódia evita que um indivíduo que tenha cometido
um crime de menor potencial ofensivo, como o furto de gênero alimentício, por
exemplo, fique preso com outros que praticaram crimes mais gravosos como
latrocínios, homicídios, ou roubos, mesmo que provisoriamente.
Este ano, até julho, as Polícias Militar e Civil de Pernambuco realizaram
12.919 prisões em flagrante. Também executaram 2.690 apreensões de adolescentes
enquadrados como responsáveis por atos infracionais.
O G1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para
repercutir as avaliações dos chefes das polícias e aguarda retorno.
Combate ao crime
Durante a entrevista, o comandante-geral da PM de Pernambuco fez uma análise dos números da violência em Pernambuco. “Nós temos no estado 55% dos crimes envolvendo execução, com a participação ou não de grupos de extermínio. A maioria é vinculada ao tráfico”, afirmou.
Em segundo lugar, apontou o PM, estão os crimes de proximidade, aqueles
que envolvem violência entre parentes e vizinhos. Depois, aparecem os latrocínios,
que são os assaltos seguidos de morte. “São dados que precisam ser avaliados
para tentar entender como a criminalidade se apresenta nos últimos anos”,
observou Maranhão.
O delegado Joselito do Amaral vê uma evolução nos números de violência. No
entanto, acredita que é preciso ter estatísticas consistentes durante um
perídoo maior para garantir a melhora na sensação de segurança da população.
“Em Olinda, entre junho e julho, tivermos queda de 15% nos homicídios e de
35% nos assaltos. É importante, mas devemos manter essda redução para o cidadão
se sentir melhor e as ações surtirem impacto”, destacou Amaral.
Pacto
Os chefes das polícias pernambucanas acreditam na importância do Pacto pela Vida, programa de segurança pública que completou 10 anos em 2017. “Teremos um investimento de R$ 3,7 bilhões esta ano”, salientou o delegado.
Os chefes das polícias pernambucanas acreditam na importância do Pacto pela Vida, programa de segurança pública que completou 10 anos em 2017. “Teremos um investimento de R$ 3,7 bilhões esta ano”, salientou o delegado.
Segundo Amaral, as ações de repressão qualificada e de esforço concentrado
são a tônica no programa nos últimos meses. “Fizemos 31 operações para prender
organizações inteiras de uma só vez. Também lançamos 56 ações de segurança em
cidades determinadas no estado”, lembrou.
Para o comandante-geral da PM, a corporação receberá um importante reforço
em setembro. “Teremos 1.500 PMs novos nas ruas. Faremos reposição e teremos 350
deles atuando em motos e em áreas pré-determinadas. Elas são chamadas de
quadrantes de segurança”, informou. (Via: G1 PE)
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