O presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes,
foi bastante vaiado na manhã desta segunda-feira em evento promovido pelo
jornal O
Estado de S. Paulo, na Zona Norte da cidade de São Paulo. Os
manifestantes protestavam contra as recentes decisões do magistrado, que
concedeu dois habeas corpus em menos de 24 horas em favor do empresário de transporte
público Jacob
Barata Filho, conhecido como “Rei do Ônibus”, investigado por
corrupção na Operação
Ponto Final, desdobramento da Lava Jato no
Rio.
Diante das vaias, Gilmar afirmou que elas não o incomodam e
que as considera “completamente normais”. “É compreensível. As pessoas não têm
as informações que estão nos autos, do que nós estamos analisando, se é
constitucional ou não”. O ministro foi padrinho de casamento da filha de
Barata – apesar disso, reiterou que “não há suspeição” da sua parte em atuar no
caso.
Em seu discurso, o ministro
defendeu a mudança do sistema de governo para o parlamentarismo.
Enquanto ele falava, um grupo de dez pessoas de movimentos que apoiam a Lava
Jato levantou cartazes com os dizeres “Vergonha”, “Fora Gilmar” e “Impeachment
Gilmar”, além de usar narizes de palhaço. Antes do início do evento, um homem
identificado como Ricardo Rocchi foi retirado à força por carregar um saco com
tomates podres que, segundo ele, iria jogar no ministro do STF.
“O Gilmar Mendes fica metendo o pau na Lava Jato, que é a
maior operação do mundo. Qual é a dele? Está pensando que pode. Isso é protesto
pacífico. Só ia atacar tomate nele. Eles merecem mais que isso”, disse Rocchi,
que foi expulso do evento antes de o ministro chegar. Em novembro do ano
passado, no aeroporto de Brasília, ele esfregou um tomate no terno do deputado
Weverton Rocha (PDT-MA), autor de uma emenda que pedia para incluir nas medidas
anticorrupção punição para juízes e integrantes do Ministério Público que
cometessem abuso de autoridade.
Financiamento privado: O ministro também defendeu a volta
do financiamento empresarial de campanha. Em setembro de 2015, ele foi voto
vencido na sessão do STF que acabou com a doação de pessoas jurídicas. Nesta
segunda-feira, lembrou que, à época, foi criticado por ter pedido vista do
processo e demorado cerca de um ano para devolvê-lo. “Isso virou uma condenação
geral, como se fosse um pedido de vista eterno. Se imaginava que isso era a
solução. Foi? O Brasil melhorou?”, questionou ele, em tom de ironia.
O presidente do TSE ainda indagou
à plateia se o financiamento público ou a doação restrita a pessoas físicas
seria suficiente para evitar o caixa dois na eleição de 2018.
Respondeu indiretamente que não à própria pergunta, ressaltando que na eleição
municipal de 2016 houve doações de cerca de “300.000 laranjas”. Um ouvinte
reagiu aos comentários, gritando que não faz sentido “o dinheiro dele financiar
quem nos rouba”. Outro exclamou que ele soltava bandidos. Gilmar não titubeou
diante das manifestações e continuou com o seu discurso. Por fim, disse que o
STF não pode se prestar a vender ilusões e que é importante “diferenciar aquilo
que é remédio daquilo que é veneno”, referindo-se às contribuições privadas.
Diante da perspectiva de que o
fundo de 3,6 bilhões de reais para bancar campanhas com dinheiro público não
seja aprovado na Câmara, dada a sua repercussão negativa na sociedade, o
Congresso já se articula para votar projetos que restabeleçam a doação de
empresas com determinadas restrições. (Via: Veja)
Blog: O Povo com a Notícia