O empresário Josley Batista definiu Michel Temer como o
"ladrão-geral" da República, em nota resposta enviada à Presidência
da República. A resposta afirma que “a delação premiada é por lei um direito
que o senhor presidente da República tem por dever respeitar. Atacar seus
delatores mostra no mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer
defesa dos crimes que comete. Michel, que se torna ladrão geral da República,
envergonha a todos nós brasileiros”, disse ele, em nota.
A resposta foi à nota divulgada pelo Palácio do Planalto, em que Temer
chama Joesley de grampeador-geral da República. Os grampos de Joesley mostram
Temer avalizando a compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, assim
como as negociações para a entrega de uma mala com R$ 500 mil a Rodrigo Rocha
Loures, o homem da mala da sua confiança.
Leia a íntegra da nota de Temer:
A suposta segunda delação do doleiro Lúcio Funaro, que estava sob sigilo
na Procuradoria-Geral da República (PGR) mas tem vazado ilegalmente na imprensa
nos últimos dias, apresenta inconsistências e incoerências próprias de sua
trajetória de crimes. Funaro acionou meses atrás a Justiça para cobrar valores devidos
a ele pelo grupo empresarial do senhor Joesley Batista. Por alegados serviços
prestados, negando que recebesse por silêncio ou para evitar delação premiada.
Ainda não está claro como se deu sua conversão diante do
procurador-geral da República. Nem sabemos quais benefícios ele obteve em sua
segunda delação, se chegam perto do perdão total e da imunidade eterna
concedidos aos irmãos Batista. Que, aliás, acabam de refazer sua delação,
demonstrando terem mentido e omitido fatos, sobretudo em relação às falcatruas
contra o BNDES. Pegos na falsidade pela Operação Bullish, não tiveram a delação
anulada, mas puderam, camaradamente, 'corrigir' suas mentiras ao
procurador-geral. Sem um puxão de orelhas sequer.
Voltando a Lúcio Funaro, assim o Ministério Público Federal o descreveu
há um ano: “O histórico profissional de Funaro indica que nenhuma outra medida
cautelar (senão a prisão ) seria eficiente e útil para estancar suas atividades
ilícitas.
Trata-se de pessoa que tem o crime como modus vivendi e já foi
beneficiado com a colaboração premiada, um dos maiores incentivos que a Justiça
pode conceder a um criminoso, a fim de que abandone as práticas ilícitas. No
entanto, prosseguiu delinquindo, mesmo após receber o benefício. Cuida-se de
verdadeira traição ao voto de confiança dado a ele pela Justiça brasileira.”
Qual mágica teria feito essa pessoa, que traiu a confiança da Justiça e
do Ministério Público, ganhar agora credibilidade? Repentinamente muda-se o
quadro, pois antes ele era uma das “pessoas que vivem de práticas reiteradas e
habituais de crimes graves, (que) sem qualquer freio inibitório, colocam em
risco, concretamente, a ordem pública ".
O doleiro, cujo testemunho serve agora para sustentar uma denúncia
contra a Presidência da República, foi preso há um ano também por ameaçar de
morte seus ex-parceiros comerciais. Segundo relatou a PGR, ele ameaçou matar um
idoso de mais de 80 anos (Milton Schahin) e a um outro (Fábio Cleto) prometeu
"colocar fogo na casa dele com os filhos dentro."
Agora, diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da
República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se
vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já
traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente? Se era capaz de ameaçar a vida
de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena
reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor.
O presidente Michel Temer se resguarda o direito de não tratar de
ficções e invenções de quem quer que seja. Jamais obstruiu a Justiça e isso
está registrado no diálogo gravado clandestinamente por Joesley Batista -
sujeito desmentido pela própria esposa no curso desse processo vergonhoso. No
diálogo com Joesley, o presidente afirma não ter feito nada por Eduardo Cunha
no STF (prova de não obstrução), e alerta o interlocutor de que contatos com o
ex-ministro Geddel Vieira Lima poderiam ser vistos como atos de obstrução de
Justiça (ora, querer evitar o crime é forma de se ligar a ele?). A gravação
usada pelo seletivo acusador desmente a acusação.
Outro agravante é o fato de o grampeador-geral da República ter omitido
o produto de suas incursões clandestinas do Ministério Público. No seu
gravador, vários outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu,
omitiu e continua tendo o perdão eterno do procurador-geral. Prêmio igual ou
semelhante será dado a um criminoso ainda mais notório e perigoso como Lúcio
Funaro?
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: BNews