O plenário da Câmara dos
Deputados aprovou nesta terça-feira (07) o texto do projeto de lei que extingue
o atenuante de penas para pessoas entre 18 e 21 anos de idade que tenham
cometido crimes.
Todos os destaques apresentados - propostas de alteração ao projeto -
foram rejeitados. O texto agora segue para apreciação do Senado Federal. Se lá
for aprovado sem modificações, vai para as mãos do presidente Michel Temer (PMDB),
que pode sancioná-lo ou não.
Atualmente, o Código Penal brasileiro prevê que culpados menores de 21
anos à época do crime tenham um atenuante automático da pena e uma redução pela
metade dos prazos de prescrição da mesma - isto é, do tempo total para que o
crime seja julgado. Ou seja, se um crime prescreve em até 10 anos, para pessoas
nessa idade a prescrição cai a 5. Pelo novo projeto, porém, não haveria mais
essa redução.
As penas são determinadas pelos juízes de cada caso, ou seja, dependem de
seu entendimento e variam de acordo com o crime praticado.
A mesma regra do atenuante é prevista para pessoas maiores de 70 anos. No
entanto, os deputados não alteraram a legislação para o grupo dessa faixa
etária.
O projeto também prevê que adolescentes entre 16 e 18 anos possam
apresentar queixas sozinhos ou por meio de um representante legal. Hoje em dia,
é preciso que o menor de idade esteja acompanhado de um adulto.
O relatório aprovado é uma emenda substitutiva apresentada pelo deputado
Subtenente Gonzaga (PDT-MG) e foi derivado do projeto de lei 1383/15 de autoria
do deputado Capitão Augusto (PR-SP), que tramitava em conjunto.
Bloqueio de celular e urgência para outros quatro projetos
A Câmara dos Deputados também aprovou na noite desta terça-feira o projeto
de lei que obriga as operadoras de
telefonia celular a instalarem bloqueadores de sinal em presídios. O
projeto é de autoria do deputado Baleia Rossi (PMDB-SP) e
teve anexados outros dois textos do deputado Cabo Sabino (PR-CE). Um
deles prevê multa diária de R$ 5 milhões às operadoras de celular em caso
de descumprimento da instalação dos bloqueadores.
Outro projeto de Sabino anexado à proposta de Rossi prevê o
aumento de pena para quem entrar com celulares em presídios ou facilitar a
entrada dos mesmos.
Os deputados também aprovaram nesta noite requerimentos de urgência para
mais quatro projetos de lei que tratam de segurança pública. O regime dispensa
algumas formalidades regimentais exigidas para a tramitação comum e permite que
o projeto seja colocado em votação na próxima sessão deliberativa da Casa.
Os projetos a serem acelerados acabam com a saída temporária de presos, o
chamado "saídão"; endurecem penas para quem usa pessoas como
"escudo humano"; criam cadastro nacional de pessoas desaparecidas;
estabelecem a colocação de algemas em suspeitos por policiais. e
determinam regras para a realização de perícia, exame de corpo delito,
necropsia e instauração de inquérito em mortes que foram resultado de ação da
polícia.
Projetos da "bancada da bala"
Os projetos de lei aprovados nesta noite pertencem a um grupo maior de propostas
sobre segurança que a Câmara dos Deputados pretende votar nos próximos dias.
A maioria dos projetos propõe endurecer o cumprimento de pena e a punição
a criminosos condenados e tem como apoiadores deputados da chamada
"bancada da bala".
O "pacote" de projetos vem na esteira de lei aprovada no final
de outubro, quando o presidente Michel Temer (PMDB) sancionou o projeto de
lei que transforma em crime hediondo o porte e a posse de armas de uso exclusivo
das Forças Armadas. O texto havia sido proposto pelo atual
prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), quando este era senador.
O apoio do Planalto às mudanças nas leis de segurança pública já havia
sido anunciado em agosto pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional,
Sérgio Etchegoyen. Pelo menos 20 temas foram estudados para virar alvo de
modificações. A iniciativa busca desburocratizar e complementar as ações
realizadas desde o Plano Nacional de Segurança, anunciado no início deste ano.
Veja outros pontos que a Câmara pode aprovar:
Assassinatos de policiais
Projeto do deputado Alberto Fraga (DEM-DF) quer proibir que condenados por
lesão corporal gravíssima ou lesão corporal que resulte em morte de policiais,
militares ou agentes carcerários tenham o direito à progressão do regime de
cumprimento de pena. A progressão da pena garante, por exemplo, que após
determinado tempo preso o condenado receba a permissão de sair para trabalhar e
voltar para dormir no presídio. A proposta pode encontrar resistência no
Judiciário, já que em 2006 o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou
inconstitucional o dispositivo da Lei de Crime Hediondos que proibia a
progressão de regime para esse tipo de crime.
Em conjunto com esse projeto, tramita a proposta de endurecer as regras
para progressão de regime de cumprimento de pena para condenados a mais de 8
anos de prisão.
O texto prevê que os presos teriam direito a passar ao regime mais brando
somente após cumpridos 2/5 da pena, e não 1/6, como é a regra atual. Por
exemplo, um condenado a 30 anos de prisão em regime fechado só poderia passar
ao semiaberto após cumprir 12 anos de pena, e não um 5 anos pela regra atual.
Fim de saída de presos
Projeto quer extinguir o benefício da saída temporária, que prevê a
permissão para que presos possam deixar a cadeia, por até sete dias, para
visitar a família, estudar ou realizar atividades que contribuam para seu
"retorno ao convício social". Têm direito à saída temporária os
presos considerados de bom comportamento e que cumprem pena no regime
semiaberto, no qual o condenado pode sair para trabalhar ou fazer cursos
durante o dia e retornar à penitenciária à noite.
Escudo humano
O uso de pessoas como "escudo humano" em ações criminosas pode
passar a ser considerado um crime específico, com pena de 4 a 8 anos de prisão,
caso seja aprovado o projeto do deputado João Campos (PRB-GO). A previsão de um
crime específico permite que seja aplicada uma pena mais dura aos criminosos
que adotarem a prática.
Força policial
Dois dos projetos que podem ser analisados pela Câmara preveem regras para
a atuação da polícia. Um projeto também de autoria de Fraga fixa
diretrizes para o uso de algemas e descreve as situações em que o equipamento
poderá ser utilizado. Um segundo projeto, assinado por diferentes
deputados, estabelece regras para a realização de perícia, exame de corpo
delito, necropsia e instauração de inquérito em mortes que foram resultado de
ação da polícia. (Via: Agência Brasil - UOL)
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