Em
2017, 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram
mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada
19 horas. O dado está em levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB),
que registrou o maior número de casos de morte relacionados à homofobia desde
que o monitoramento anual começou a ser elaborado pela entidade, há 38 anos.
Os
dados de 2017 representam um aumento de 30% em relação a 2016, quando foram
registrados 343 casos. Em 2015 foram 343 LGBTs assassinados, contra 320 em 2014
e 314 em 2013. O saldo de crimes violentos contra essa população em 2017 é três
vezes maior do que o observado há 10 anos, quando foram identificados 142 casos.
Também nesta
quinta-feira (18/1) a organização não governamental Human Rights divulgou um
relatório a respeito da violação dos direitos humanos no Brasil. O documento
destaca que a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu 725 denúncias de
violência, discriminação e outros abusos contra a população LGBT somente no
primeiro semestre de 2017.
Levantamento: O levantamento
realizado pelo GGB se baseia principalmente em informações veiculadas pelos
meios de comunicação. Na avaliação de Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia
e um dos autores do estudo, o fenômeno pode ser ainda maior, uma vez que muitos
casos não chegam a ser noticiados.
“Tais números
alarmantes são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo
estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais mortes são sempre
subnotificadas já que o banco de dados do GGB se baseia em notícias publicadas
na mídia, internet e informações pessoais”, comenta.
Causas violentas: Das 445 mortes
registradas em 2017, 194 eram gays, 191 eram pessoas trans, 43 eram lésbicas e
cinco eram bissexuais. Em relação à maneira como eles foram mortos, 136
episódios envolveram o uso de armas de fogo, 111 foram com armas brancas, 58
foram suicídios, 32 ocorreram após espancamento e 22 foram mortos por asfixia.
Há ainda registro de violências como o apedrejamento, degolamento e
desfiguração do rosto.
Quanto ao local,
56% dos episódios ocorreram em vias públicas e 37% dentro da casa da vítima.
Segundo o GGB, a prática mais comum com travestis é o assassinato na rua a
tiros ou por espancamento. Já gays em geral são esfaqueados ou asfixiados
dentro de suas residências.
Um exemplo foi o
assassinato da travesti Dandara, de 42 anos. Ela foi espancada, apedrejada e
depois morta a tiros por oito pessoas em Fortaleza no dia 15 de fevereiro de
2017. Os autores aidna registraram o crime em vídeo, que ganhou grande
circulação nas redes sociais.
Distribuição regional: O estado com maior
registro de crimes de ódio contra a população LGBT foi São Paulo (59), seguido
de Minas Gerais (43), Bahia (35), Ceará (30), Rio de Janeiro (29), Pernambuco
(27) e Paraná e Alagoas (23). Entre as regiões, a maior média foi identificada
no Norte (3,23 por milhão de habitantes), seguido por Centro-Oeste (2,71) e
Nordeste (2,58). (Via: Agência Brasil)
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