Herói. Esse foi termo que muitos
usaram para definir o barraqueiro Jamesson Barros da Silva, 42 anos, que perdeu a vida após salvar três crianças de morrerem afogadas na
Praia de Boa Viagem, na manhã dessa quinta-feira (18). O caso aconteceu na
frente do Posto 8, perto do Hotel Vila Rica. O local onde aconteceu o fato é
conhecido por ter um vão nos arrecifes, tornando o banho de mar bastante
arriscado, e é sinalizado por bandeiras dos bombeiros acerca do risco.
O irmão do comerciante, o
taxista Aldeomar Barros da Silva, fez questão de reafirmar a coragem do
barraqueiro. "Ele morreu como um herói. Quando tiraram o corpo dele da
água, todos que estavam na praia o aplaudiram", disse Aldeomar, ainda desolado
com o ocorrido. "Sempre ia na casa dele. O sentimento está forte
demais", contou.
O taxista ainda informou que,
após a confirmação do afogamento, a mãe de um funcionário de Jamesson teve um
ataque cardíaco e morreu por temer que a vítima fosse seu filho.
As três crianças - de 8, 12 e
14 anos - e dois responsáveis estavam na praia, em uma barraca de propriedade
de Jamesson. Oriundos de Paudalho, Mata Norte de Pernambuco, não sabiam que o
local onde aproveitavam o dia era arriscado. Ao avistar as três crianças se
afogando, Jamesson entrou na água. "Quando ele tirou a terceira criança
para fora da água, o mar pegou ele e o jogou para dentro das pedras. E os
guarda-vidas entraram para resgatá-lo", explicou Aldeomar.
Tanto o irmão de Jamesson
quanto colegas que trabalhavam na praia afirmam que ele tinha o costume de
entrar no mar para resgatar pessoas voluntariamente. "Eu queria que
colocassem mais salva-vidas nas praias. Meu irmão fazia isso direto ali, já
socorreu muita gente", comentou o irmão do rapaz, Aldeomar. Ambulante na
praia, Jason Nonato endossou a história. "Conhecia ele aqui. Sempre fazia
isso (entrar no mar)", afirmou. Jason alegou que Jamesson sofria de
problemas cardíacos, o que o irmão do barraqueiro, Aldeomar, desconhece.
O oficial de operações do
Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), Carlos Oliveira, contou outra versão.
"Os guarda-vidas entraram no mar para salvar as crianças. Depois começaram
a vir outras pessoas, como o Jamesson. Após retirarem as crianças, os
salva-vidas resgataram o barraqueiro. Ele já estava em um estado de parada
respiratória quando chegou à praia", disse.
O Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (Samu) chegou a socorrer Jamesson. O barraqueiro foi levado para a
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, na Zona Sul, mas morreu no
caminho. O rapaz, que deixa três filhos, será enterrado hoje, às 11h, no
Cemitério de Santo Amaro, na área central da Capital.
Outros
casos: Nos últimos quatro meses, outros casos de afogamento na Zona Sul
chamaram a atenção. No início de outubro de 2017, um homem de 31 anos morreu
afogado na Praia do Pina. Identificado como Renato Ribeiro Carneiro, foi
resgatado pelos Bombeiros, próximo ao posto 2 - área conhecida pelas correntes
de retorno, que puxam os banhistas para dentro do mar. Renato foi retirado do
mar inconsciente, ainda com sinais de vida, mas morreu ao chegar ao Hospital da
Restauração (HR), no bairro do Derby.
No fim do mesmo mês, um menino
de dois anos se afogou na Praia de Brasília Teimosa, nas imediações de um local
conhecido como Buraco da Velha. A criança, que tinha engolido muita água,
chegou a ser resgatada, levada para o HR e sobreviveu ao susto. (Via: Folha PE)
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