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sábado, 3 de fevereiro de 2018

Enquanto isso... Moro dá resposta ruim, mas não é hipócrita

Foi mal o juiz Sergio Moro ao justificar para o jornal “O Globo” o recebimento do auxílio-moradia.

Moro respondeu à reportagem de hoje da “Folha de S.Paulo” com as seguintes palavras: “O auxílio-moradia é pago indistintamente a todos os magistrados e, embora discutível, compensa a falta de reajuste dos vencimentos desde 1º de janeiro de 2015 e que, pela lei, deveriam ser anualmente reajustados”.

O juiz federal símbolo da Lava Jato admite que o auxílio-moradia é um complemento salarial, não um subsídio destinado a uma situação específica em que seria justificável - como ocorre no caso do resto dos mortais. Moro assumiu que se trata de uma forma de compensar a falta de reajustes salariais que seriam devidos aos magistrados. A Folha revelou que ele recebe o auxílio, apesar de ter moradia própria em Curitiba.

Ao tratar o auxílio-moradia como complemento salarial, Moro admite que o penduricalho é uma forma de burlar o teto salarial imposto pela Constituição. Seria mais honesto defender a necessidade de elevar o teto constitucional a admitir que um expediente “discutível”, nas palavras do próprio juiz, compense “a falta de reajuste dos vencimentos”.

É bom que os magistrados se manifestem abertamente e assumam que usam os penduricalhos para aumentar seus salários contra o que prega a Constituição da República. Um dos bens que a Lava Jato fez ao país foi ampliar o debate sobre a maneira como deve ser tratado o dinheiro público.

Um auxílio-moradia (R$ 4.377) equivale a mais de 24 benefícios médios que foram pagos ao programa Bolsa Família em outubro passado (R$ 179 por família).

Uma liminar do ministro Luiz Fux garante a farra do auxílio-moradia para todo o Judiciário. O plenário do Supremo vem empurrando o tema com a barriga há cerca de quatro anos. Agora, em março, talvez os 11 ministros votem a decisão provisória de Fux. Seria um bom momento para libertar quem é escravizado por essa mordomia _ensinando magistrados e procuradores a pescar em vez de lhes dar o peixe à custa do erário.

Na praça, o discurso dos privilegiados é o seguinte: quem critica o auxílio-moradia está incomodado com o combate à corrupção e com a condenação de Lula. Os cavaleiros da ética e da moral poderiam encontrar uma desculpa melhor. Usar o combate à corrupção para justificar supersalários é uma espécie de patrimonialismo moral dos novos tempos.

Poderiam ser sinceros como Moro. O auxílio-moradia é salário indireto. Serve para compensar reajustes que a categoria considera que lhes são devidos. A resposta de Moro é ruim, mas não é hipócrita como a pregação dos colegas que foram pressionar o Supremo a manter seus privilégios e mordomias, escudando-se no combate à corrupção para ganhar uns bons trocados a mais. (Via: Blog do Kennedy)

Blog: O Povo com a Notícia