O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) se manifestou pela primeira
vez nesta quarta-feira (12) sobre a morte do ex-capitão Adriano da Nóbrega e
pediu que seja impedida a cremação do corpo e que o fato seja elucidado.
É o primeiro pronunciamento público da família do presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) sobre a morte do ex-PM, acusado de integrar um grupo de
assassinos profissionais, chefiar uma milícia e ser sócio da contravenção no
Rio de Janeiro.
A declaração de Flávio foi publicada em sua conta oficial no Twitter.
Ele comentou sobre a possibilidade de cremação do corpo do ex-PM, tentada pela
família.
"DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas
acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que
ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que
impeçam isso e elucidem o que de fato houve", escreveu o senador.
A Justiça do Rio de Janeiro impediu na madrugada desta quarta a
cremação, solicitada pela mãe e irmãs do ex-policial. A cerimônia estava
marcada para as 10h no Crematório do Memorial do Carmo, mas foi cancelada.
"Infere-se que o óbito de Adriano não se deu por causas naturais.
Ademais, não consta a cópia da Guia de Remoção de Cadáver e nem do Registro de
Ocorrência, não sendo de se desprezar a possibilidade de vir a ser necessária a
realização de diligência, a melhor elucidar a ocorrência. Acaso fosse deferida
a cremação dos restos mortais de Adriano, inviabilizadas estariam eventuais
providências a serem levadas a efeito pela autoridade policial", escreveu
a juíza responsável.
Homenageado duas vezes na Assembleia Legislativa do Rio por Flávio
Bolsonaro, Adriano é citado na investigação que apura a prática de
"rachadinha" (esquema de devolução de salários) no gabinete do então
deputado estadual. O miliciano teve duas parentes nomeadas por Flávio.
QUEM ERA ADRIANO DA NÓBREGA
Adriano estava foragido há mais de um ano. Ele foi morto em Esplanada
(BA) durante uma operação policial da Secretaria de Segurança da Bahia. Seu
advogado, Paulo Catta Preta, afirma que o ex-capitão dizia ser alvo de uma
"queima de arquivo".
Ele havia sido preso e solto três vezes, expulso da PM em 2014,
homenageado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro duas vezes e
defendido pelo presidente Jair Bolsonaro ao ser acusado de homicídio em 2005.
Também teve duas familiares nomeadas no antigo gabinete de Flávio na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Sua ex-mulher, Danielle Mendonça da
Costa da Nóbrega, foi empregada em 2007 e sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, em
2016. Ambas foram exoneradas no fim de 2018 a pedido.
Quem as indicou para os cargos foi Fabrício Queiroz, ex-assessor de
Flávio que foi companheiro de Adriano no 18º Batalhão da PM fluminense e hoje é
investigado por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
O miliciano é citado nessa investigação, que apura a prática de
"rachadinha" no gabinete do filho mais velho de Bolsonaro na Alerj.
De acordo com o Ministério Público, ele controlava contas bancárias usadas para
abastecer Queiroz, suspeito de ser o operador do esquema.
Adriano era acusado de comandar a mais antiga milícia do Rio de Janeiro
e suspeito de integrar um grupo de assassinos profissionais do estado e de
estar envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu
motorista Anderson Gomes, em março de 2018. (Via: Agência Senado)
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