Velhos fantasmas voltaram a
assombrar moradores do município de Barra de Guabiraba, no Agreste
pernambucano, nesta segunda-feira (15). Mais de 1,2 mil pessoas precisaram
deixar suas casas às pressas após o rompimento de uma barragem na área rural do
município vizinho, Sairé.
A estrutura que cedeu é a barragem Guilherme Pontes,
que é privada e está localizada nas proximidades do Sítio Estivas. Os impactos
foram sentidos em cidades do Agreste e também da Zona da Mata do Estado, por
onde passa o Rio Sirinhaém.
A barragem, que não é cadastrada, é de terra e tem cerca de 8 metros de
altura, 120 metros de comprimento e capacidade para acumular 350 mil metros
cúbicos de água, de acordo com o Governo de Pernambuco, que monitora o caso.
Ela teria enchido após as chuvas que caíram na região nos últimos dias.
Coordenador da Defesa Civil de Barra de Guabiraba, Nazareno Maranhão,
afirmou que o nível do rio chegou a subir cerca de cinco metros. O volume
abaixou durante a tarde, mas, por volta das 20h30, voltou a subir mais dois
metros.
“Conseguimos evacuar toda a população ribeirinha, em um trabalho que
iniciou às 9h. A estimativa é de que 400 famílias, mais de 1,2 mil pessoas,
saíram de suas casas para se abrigar em residências de familiares”, explicou.
Segundo Maranhão, a expectativa era de que mais água chegasse ao município na
noite de ontem. “O prefeito de Sairé (Fernando Pergentino) esteve aqui e disse
que a água da barragem ainda não havia chegado de fato aqui. Está chegando. É
muita água mesmo.”
Morador do município, o comerciante Diogo Lima lembrou que a última vez
que a cidade passou por drama semelhante foi em 2017, quando enchentes
castigaram Barra da Guabiraba nesta época do ano. “Aconteceu em 2010, depois
novamente em 2017. É um problema que o nosso município enfrenta sempre com os
níveis altos de chuva, mas que não é resolvido. Foi prometida uma barragem, que
não foi concluída pelo Governo do Estado por falta de recursos.” Segundo ele,
por volta das 21h o nível de água nas residências já havia alcançado um metro.
O prefeito de Sairé, Fernando Pergentino (PSB), confirmou que os problemas
na barragem do município ocorreram em decorrência das chuvas. Em 48h, município
de Sairé registrou um volume acumulado de chuvas de 112mm, 100% volume total
esperado para o mês de junho, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e
Clima (Apac).
”Essa barragem já tem 20 anos que foi construída. Infelizmente, por conta
das chuvas, ela não aguentou e acabou sangrando. Quando ela sangrou por cima do
paredão, houve o rompimento e trouxe essa água com volume muito grande. Nunca
foi visto esse volume de água em Sairé”, disse Pergentino.
O gestor informou que os municípios de Barra de Guabiraba e Cortês, na
Zona da Mata, que são cortados pelo Rio Sirinhaém, foram alertados. Além dessas
cidades, outras como Ribeirão, Gameleira e Sirinhaém podem sofrer os impactos.
Morador de Sairé, o assessor parlamentar Idelbrando Pontes contou que a
água trouxe transtornos para a população. “Afetou lavouras e as casas
ribeirinhas. As pontes também ficaram alagadas e as pessoas acabaram ilhadas,
sem a possibilidade de sair.”
Em nota, o Governo de Pernambuco informou que a Apac está acompanhando a
situação, com o apoio da Secretaria Executiva de Defesa Civil de Pernambuco.
A pasta informou que na Central de Atendimento houve o registro de
alagamentos em diversas cidades do Agreste e Zona da Mata devido às chuvas, que
provocaram deslizamentos de barreiras e deixaram famílias desalojadas. Nesta
terça-feira (16) pela manhã visitas técnicas serão realizadas nos municípios
atingidos. A Defesa Civil pode ser contactada através dos telefones 199 e
3181-2490 (atendimento 24h).
De acordo com a Apac, a previsão do tempo para o Agreste nesta terça-feira
(16) é de tempo parcialmente nublado com pancadas de chuva de forma isolada no
período da tarde e noite com intensidade fraca a moderada. (Via; Jc Online)
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