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No
primeiro Sete de Setembro desde a ditadura militar sem desfile, uma cerimônia
mais enxuta na frente do Palácio da Alvorada provocou aglomeração de apoiadores,
autoridades e jornalistas, nesta segunda-feira.
A parada militar do Dia da
Independência foi cancelada pelo Ministério da Defesa no início de agosto,
quando portaria do ministro Fernando Azevedo orientou as Forças Armadas a se
absterem de participar de "quaisquer eventos comemorativos" como
desfiles e paradas. O objetivo era evitar aglomerações tanto de militares na
cerimônia como de civis nas arquibancadas em meio à pandemia do novo
coronavírus.
Apesar do número menor de público
(foram entre 1.000 e 1.200 apoiadores, segundo o Palácio do Planalto, ante de
25 mil a 30 mil no ano passado, na Esplanada dos Ministérios), o ato de 16
minutos de duração fez as pessoas, muitas delas sem máscara, se amontoarem para
chegar perto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), da primeira-dama,
Michelle, e de ministros. Eles ficaram numa área ao sol, em pé.
Um pequeno grupo buscou abrigo embaixo da única árvore que, na seca de
Brasília, ainda tinha uma copa com folhas. Em ao menos dois momentos, a Folha
presenciou desentendimentos entre apoiadores, rapidamente contornados. Na
claque, estava Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos do
presidente. Ao contrário do que acontece diariamente no Palácio da Alvorada, a
claque ficou mais afastada da imprensa, que foi posicionada em um palanque
elevado e coberto. Os dois grupos estavam de frente para o jardim do palácio.
A primeira a aparecer foi Michelle Bolsonaro, que chegou a pé, acompanhada
do secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fabio Wajngarten, e do
secretário especial de Cultura, Mario Frias. De máscara, Michelle foi até o
público e apertou as mãos de várias pessoas. À medida que ela se deslocava,
dois servidores passavam oferecendo álcool em gel à plateia. Ela ouviu gritos
de "mita", em alusão ao apelido do marido.
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) se aproximou de máscara, mas
tirou o equipamento de proteção para fazer selfies com eleitores. Ele e
Michelle são personagens do suposto esquema de "rachadinha"
envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do
Rio.
Ao chegarem em ônibus, alguns ministros foram assediados. Houve gritos de
"Paulo Guedes, eu te amo", para o ministro da Economia e menção aos
nomes de Eduardo Pazuello (interino da Saúde), Tereza Cristina (Agricultura),
Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Damares Alves (Mulher, Família e
Direitos Humanos).
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli,
chegou sem ser notado pelo público. Mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), foi vaiado ao sair do carro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), mais uma vez não participou da cerimônia ao lado de Bolsonaro - ficou
no Rio de Janeiro. Maia vive uma relação tensa com Bolsonaro e deu sinais de
rompimento com Paulo Guedes na semana passada.
Pouco antes das 10h, Bolsonaro deixou a área interna do Alvorada no Rolls
Royce presidencial com crianças que, em sua maioria, estavam sem máscara, assim
como o presidente. De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação da
Presidência), eram filhos de autoridades e convidados. Sob um sol de 30ºC, ele
acompanhou o hasteamento da Bandeira Nacional, cantou o Hino Nacional e o Hino
da Independência. Logo depois, acompanhou uma apresentação da esquadrilha da
fumaça.
Na primeira fila, junto com Bolsonaro e Michelle, estavam o ministro
Walter Braga Netto (Casa Civil), o presidente do STJ (Superior Tribunal de
Justiça), Humberto Martins, Toffoli, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB),
Alcolumbre e sua esposa, além dos chefes das Forças Armadas. Os ministros
estavam logo atrás. Havia uma área para convidados, também ao sol.
A cerimônia ocorreu das 10h05 às 10h21, mas Bolsonaro ainda ficou pouco
mais de meia hora cumprimentando a plateia. Nos últimos anos, o desfile se
tornou um teste de popularidade para mandatários do Palácio do Planalto. Em
momentos de baixa popularidade, presidentes evitavam o público geral para fugir
de eventuais protestos.
No ano passado, mesmo diante de uma crise fiscal, o presidente Jair
Bolsonaro aumentou o desembolso para promover a cerimônia cívica.
O contrato assinado pela gestão pública para a montagem e organização da
cerimônia militar previa um custo de R$ 971,5 mil, 15% mais do que no ano
anterior, em valores corrigidos pela inflação (IPCA). Até a publicação desta
reportagem, a Secom não havia informado o valor gasto com a cerimônia deste
ano. (Via: Folhpress)
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