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Um projeto de lei que autoriza o plantio de cannabis, popularmente conhecida como maconha, para fins medicinais, tem dividido a bancada ruralista na Câmara dos Deputados. Deputados conservadores reagiram após o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, se colocar à disposição para debater o assunto.
De acordo com informações do O Globo, nos últimos tempos Alceu vem argumentando com outros deputados que a liberação poderia trazer benefícios à economia e o mercado do país. Em recente entrevista, ele chegou a dizer que era o momento de "ver esse assunto sem preconceito".
A declaração, no entanto, não foi muito bem recebida por colegas parlamentares conservadores. Na última quinta-feira, em uma reunião, da FPA, ficou decidido que a Frente não iria se manifestar sobre o projeto.
O encontro teve a participação do ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), opositor ferrenho do uso medicinal de cannabis, apesar da comprovação científica da sua eficácia no tratamento de diversas doenças, como epilepsia e Parkinson.
"A decisão nossa é de que não vamos tratar desse assunto. Isso não tem nada a ver com o agronegócio, e a grande maioria é contra. A bancada, a diretoria, todos que estavam na reunião se manifestaram contra o projeto", disse Neri Geller (PP-MT), coordenador da frente.
O assunto não é consenso nem dentro do mesmo partido. O deputado Evair de Melo (PP-ES), vice-presidente da bancada, por outro lado, diz que não se deve tratar sobre a questão de maneira "populista e fantasiosa" e é preciso afastar qualquer concepção "ideológica".
"Não é legalizar ou não. O mundo tem experiências, o mundo tem esses caminhos. O Brasil não pode tratar disso como se só fosse questão ideológica. Eu defendo a seriedade do tema, um debate acima de qualquer ideologia", explica.
Em 2019, a Anvisa aprovou o registro de medicamentos à base de maconha no Brasil para uso com fins medicinais, mas arquivou a proposta que autorizava o plantio da erva para a produção de medicamentos, meio fundamental para reduzir o preço final do produto no país. A justificativa dada foi de que deveria ainda ser discutido no Congresso, devido à complexidade do tema.
Então diretor da agência, Antônio Barra, que hoje preside a agência, argumentou que a Anvisa não havia realizado estudos profundos e tampouco consultado adequadamente ministérios e autoridades relacionadas , tanto na área de Segurança Pública quanto nas áreas da Saúde, Economia e Agricultura. Barra, que foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, votou em consonância com o governo, que defendia manter a restrição do plantio.
Blog: O Povo com a Notícia