O Farol conversou nesta quarta-feira (28) com o delegado regional Marcos Virgínio, sobre o andamento das investigações do assassinato do policial reformado Jeconias Pereira de Souza, 73 anos. O idoso foi encontrado morto nesta tarde com o corpo parcialmente carbonizado. O cadáver foi levado para perícia no IML de Caruaru.
Logo após a confirmação do crime, uma rede de boatos cresceu por meio das redes sociais dando conta de uma possível autoria do homicídio. No entanto, cuidado! Dr. Marcos faz um importante alerta à população, para que não se julgue ou apontem culpados sem antes a investigação chegar ao fim. Confira a entrevista conduzida pela repórter do Farol, Jéssica Guabiraba.
ENTREVISTA DELEGADO REGIONAL MARCOS VIRGÍNIO SOBRE O CASO JECONIAS PEREIRA
FAROL – Dr. Marcos, após a confirmação do assassinato do policial reformado Jeconias Pereira, houve uma séries de especulações na cidade sobre a possível autoria do crime, o que o senhor poderia adiantar das investigações sobre este fato?
Delegado Regional Marcos Virgínio – Primeiro, o que a Polícia Civil tem para registrar é que ontem (27) nós tomamos conhecimento do desaparecimento do policial reformado Jeconias Pereira de Souza, a partir do primeiro momento que nós tomamos conhecimento desse fato já demos início à investigação, que teve início ontem e durou toda a noite e continuou hoje pela manhã até que recebemos essa triste notícia. Ainda ontem algumas pessoas já foram conduzidas para a Delegacia a fim de esclarecer esse desaparecimento, foram tomadas algumas medidas investigativas iniciais e foi dada início à investigação. Essas pessoas que foram conduzidas, vieram para cá na condição de pessoas que por último tiveram contato com a pessoa que desapareceu e isso por si só não é possível fazer com que elas sejam consideradas acusadas, investigadas ou não. Esse boato que tem corrido por aí, que inclusive é um desserviço para polícia, para a investigação, isso é péssimo porque leva as pessoas que não têm o conhecimento e por essa razão é importante que a Polícia Civil venha até a imprensa para esclarecer de que uma pessoa que está na condição de investigado, a investigação pode concluir, inclusive que nada teve a ver [com o crime] ou que ela realmente foi a culpada.
FAROL – O senhor faz um alerta então para que as pessoas não contribuam para espalhar, especialmente nas redes sociais, esses boatos em relação a possíveis suspeitos…
Delegado Regional Marcos Virgínio – As pessoas já passam a tachar alguém de acusado de determinado fato, isso é um estigma muito grande e que eu não aconselho as pessoas reproduzirem esse tipo de informação, de fake news, de propagar isso aí. Se alguém tiver alguma informação que possa nos ajudar na elucidação desse crime, nos procure aqui na Delegacia, o sigilo é garantido para essas pessoas que desejarem contribuir com essa investigação. A Polícia Civil pede que não compartilhem informações das quais não se tem a certeza de que aquilo é verídico. A investigação está sendo desencadeada, as pessoas estão sendo ouvidas, desde ontem que nossas equipes trabalham, tanto a Polícia Civil, como a Polícia Militar, para fazer com que a justiça pública seja aplicada e ela vai ser, tenho certeza que chegaremos a elucidar esse crime e as pessoas que cometeram serão responsabilizadas de acordo com a lei, com a justiça pública.
FAROL – Sobre essa possível suspeita, ela teria alguma ligação com a vítima?
Delegado Regional Marcos Virgínio – A princípio a única ligação que nós temos conhecimento até o momento é de que ela teria mantido um contato telefônico com ele [Jeconias] antes dele desaparecer, então se nós considerarmos que toda pessoa que desaparecer ou morrer e quem manteve contato por telefone com a vítima por último for o autor do crime, não é uma conclusão válida, sou seja, a polícia está investigando todo esse contexto para aí sim concluir se de fato houve ou não o envolvimento dessa pessoa.
FAROL – No caso, não mantinham nenhum relacionamento?
Delegado Regional Marcos Virgínio – Isso ainda está sendo investigado, se eles tinham um relacionamento. O que se escuta muito é conversas que as pessoas reproduzem nas redes sociais sem ter o mínimo conhecimento, como eu já frisei: se alguém tiver alguma informação a acrescentar para a investigação nos procure, nós vamos resguardar o sigilo dessas pessoas que tenham algo a contribuir ou caso queiram declinar como testemunha, enfim, sobre as informações.
FAROL – Existem mais suspeitos ou outras linhas de investigação?
Delegado Regional Marcos Virgínio – A gente não descarta outras hipóteses que tenham motivado esse crime, a princípio esse desaparecimento dele aconteceu e esse foi o último contato que ele fez, com alguém que ele supostamente teria encontrado. Tudo isso a investigação vai precisar verificar no decorrer da investigação para se concluir ou não o envolvimento dessa mulher, não se pode dizer nesse momento que ela é acusada disso ou que daquilo, mas também não se descartar o envolvimento. Para isso que serve a investigação. A gente vê muito precipitadamente as pessoas sem deter o conhecimento mínimo, já tacham uma pessoa de acusada, muitas das vezes as pessoas nem consideram o sofrimento da família da vítima que querem ver a justiça acontecer e as vezes no momento de desespero pode até pensar eventualmente em fazer uma vingança privada e não é isso que a gente deseja, então a gente pede responsabilidade das pessoas no momento de falar algo ou de reproduzir algo através dos aplicativos de mensagens instantâneas, já que esse é o meio de comunicação hoje que as mensagens fluem de forma muito rápida e quando se solta ali algo que não é verídico, isso se espalha em uma dimensão tão grande que muitas pessoas sem ter o mínimo de conhecimento sobre a verdade passam a acreditar que aquilo é uma verdade.
FAROL – Ela já foi ouvida pela polícia?
Delegado Regional Marcos Virgínio – A nossa equipe está em diligências para ouvir tanto ela quanto as outras pessoas que tiveram ligação com a vítima no dia em que ela desapareceu. Desde ontem que a gente trabalha empenhados para colher informações sobre esse crime, que só se soube de fato que era um crime hoje depois da triste notícia da morte dele.
FAROL – Sobre o corpo, já é possível saber se ele foi carbonizado vivo ou depois de morto?
Delegado Regional Marcos Virgínio – Essa conclusão a gente só vai poder ter com a perícia papiloscópica, é que vai dizer se a morte aconteceu por ação das chamas ou se foi antes em decorrência de algum outro objeto, seja arma de fogo ou arma branca. A investigação está se desenvolvendo, tem peculiaridades do caso que por questão de sigilo do inquérito policial nós não podemos revelar, mas peço que a população de Serra Talhada confie no trabalho da polícia, que a polícia está trabalhando, tanto nesse fato, quanto em outros que aconteceram e a intenção das Polícia Civil e Militar, quanto dos outros órgãos envolvidos no sistema de justiça criminal, é de fato valer a justiça pública aqui na cidade de Serra Talhada e região. A polícia tem se dedicado a fazer isso, tanto é que desde ontem nossas equipes entraram pela noite, inclusive excedendo o horário justamente para tentar evoluir essa investigação de forma mais rápida.
FAROL – O corpo do Jeconias Pereira foi encontrado por populares ou vocês receberam uma denúncia direta?
Delegado Regional Marcos Virgínio – A gente recebeu uma denúncia, não se sabe quem denunciou que o corpo teria sido encontrado às margens da rodovia que liga Serra Talhada a Triunfo e Santa Cruz da Baixa Verde, a poucos quilômetros aqui da cidade.
FAROL – Próximo ao corpo foi encontrado alguma pista, marca de pneu de carro ou outros objetos?
Delegado Regional Marcos Virgínio – Somente o corpo foi encontrado, as informações é que ele teria saído a pé, no primeiro momento, tudo isso está sendo investigado, se houve utilização de veículo ou não, como ele chegou até lá, tudo isso está sendo verificado ainda nesse momento, creio que nos próximos dias iremos concluir essa investigação com êxito, esclarecendo todas essas circunstâncias. (Via: Farol de Notícias)
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