O advogado Ruy Rodrigues, de 48 anos, se surpreendeu com os sintomas neurológicos que apresentou logo depois de se livrar da Covid-19. Ruy foi infectado pelo coronavírus em março deste ano e ficou cerca de um mês em tratamento no Hospital Brasília, sendo que durante parte do período precisou de cuidados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Ainda no hospital, mas já no quarto
após ter passado pela UTI, ele questionou uma das enfermeiras: “Estou há dois
dias aqui. Não é hora de receber alta?” A moça respondeu: “Doutor Ruy, o senhor
está aqui há 26 dias aqui”. Ele havia perdido completamente
a noção de tempo.
Ao retornar para casa, vinte quilos mais magro e sentindo fraqueza
muscular, ele começou a apresentar outros episódios de perda de memória.
“Esquecia contas que já tinha pago ou o nome de alguém muito próximo. Algumas
vezes, confundi os nomes dos meus próprios filhos”, relata o advogado que é pai
de seis e tem dois netos.
O
médico intensivista Rodrigo Biondi que acompanha o caso de Ruy desde a
internação explica que ele desenvolveu uma sequela relativamente comum da
Covid-19, conhecida como cérebro de Covid. “Não é uma regra, mas alguns
pacientes apresentam episódios de confusão mental, lapsos de memória. Até aqui,
sabemos que isso se deve à inflamação que o coronavírus provoca no sistema nervoso”, explica.
No caso do advogado, passados
cinco meses da Covid, os episódios de esquecimento desapareceram. Apenas uma
dor de cabeça muito forte ainda aparece de vez em quando. O paciente tem sido acompanhado
com check-ups mensais.
“A indicação é que
as pessoas que desenvolveram a forma grave acompanhem a saúde mais de perto por
pelo menos um ano. Como a doença é muito nova, precisamos avaliar se há
comprometimentos”, explica Biondi, que trabalha no Hospital Brasília.
Ruy tem cumprido as recomendações com atenção. Também está sendo
acompanhado por um geriatra – e tem tomado, diariamente, 12 comprimidos de
vitaminas.
Ter escapado de uma doença que deixou enlutadas tantas
famílias fez com que ele desenvolvesse um novo gosto
pela vida. “Dou muito mais valor às coisas simples. Ao sair do hospital e ver a
rua, novamente, me emocionei com o movimento dos carros”, relata. (Via: Metrópoles)
Blog: O Povo com a Notícia