O Brasil ultrapassou o número de 100 milhões pessoas totalmente imunizadas contra a Covid-19. Ou seja, brasileiros que receberam duas doses ou a vacina de dose única. Com o número crescendo diariamente, a euforia aumenta e fica o questionamento: o que fazer depois da imunização?
O Metrópoles conversou com especialistas que apontaram quais devem
ser os próximos passos para o Brasil e o mundo se livrarem do novo coronavírus.
Vacina anual
O doutor Gonzalo Vecina, médico
sanitarista e fundador da Anvisa, relata que o
primeiro passo é imunizar todo mundo. Dentro do cronograma de vacinação contra
a Covid-19, o médico coloca a terceira dose como uma certeza para todas as
idades.
Vecina acredita, entretanto, que a
vacinação não terminará aí. “Essa doença vai pedir um comportamento sazonal,
como a vacina da gripe”, afirma ele. O fundador da agência sanitária também
declara que, caso as pessoas deixem de se vacinar, “o vírus pode continuar
circulando e uma variante resistente à vacina pode aparecer”.
Pedro Hallal, um dos epidemiologistas
mais respeitados do país, concorda que a imunização não acontecerá somente uma
vez. “É muito provável que tenhamos de colocar a vacinação contra Covid-19 no
nosso calendário vacinal”, relata.
Hallal
continua: “Não chamaria de quarta dose, mas uma vacina por ano, como a da
gripe. Há uma grande probabilidade de a Covid-19 entrar nesse sistema. Ninguém
pergunta quantas doses de vacina da gripe você tem, mas se tomou a do ano”.
O
epidemiologista ainda aponta para um debate polêmico no Brasil: o passaporte da
vacina. Ele afirma que outros países já adotam a exigência e que muitas pessoas
estão sendo impedidas de entrar em lugares devido à falta de vacina. “As
pessoas precisam entender que essa liberdade de não se vacinar vai restringir o
seu acesso aos lugares e eventos”, reforça.
Cuidados
pessoais
Vecina diz
que a pandemia trará “muito aprendizado” sobre os cuidados que a população
precisará ter nos próximos anos. De acordo com ele, somente a imunização não
basta.
“A primeira
delas é o uso de máscaras, já que a máscara protege as outras pessoas das doenças
respiratórias que eu tenho. Outra coisa é lavar as mãos. Esse hábito nos livra
de muitos vírus. Além disso, é importante não colocar a mão na boca ou nos
olhos antes de lavar as mãos e não esquecer de lavá-las depois”, declara o
médico.
Valorização
do SUS
Vecina ainda
afirma que o Sistema
Único de Saúde (SUS) é imprescindível para o país continuar o
combate à Covid-19. “Sem o SUS, teria sido muito pior enfrentar tudo isso. É
necessário manter esse sistema cada vez melhor e acessível a toda população”,
afirma ele.
Volta
às atividades
Já para Pedro
Hallal também é necessário enfrentar o medo de retornar às atividades
anteriores ao isolamento social. “A gente tem de voltar a ter nossa vida
normal. Algumas pessoas estão com medo de retornar a suas atividades e é um
medo plausível, mas é preciso ter coragem para enfrentar essas situações”,
pontua.
O epidemiologista vive atualmente na Califórnia e conta que, no
estado americano, as pessoas estão autorizadas a não utilizar máscaras em
ambientes abertos. De acordo com ele, “esse deve ser o próximo passo no
Brasil”.
Hallal também
relata que será preciso fazer um resgate desses dois anos “perdidos”. Ele
explica que isso serve para as crianças e os adolescentes buscarem o nível
esperado em ambientes acadêmicos e para aqueles que deixaram de acompanhar a
saúde e fazer exames durante esse período.
Apesar de o mundo estar caminhando para um
retorno à “normalidade”, Vecina relembra que os cuidados não podem parar. “É
provável que demore cerca de dois anos para tudo isso acabar, e podermos
retornar a uma vida normal”, afirma. (Via: Metrópoles)
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