Da amputação à reabilitação e uma melhor qualidade de vida. Após perder os dois braços, ter grande parte do corpo queimado e ser submetido a cirurgias para enxerto, o pintor José de Araújo Oliveira, 45 anos, que sobreviveu a um grave acidente de trabalho, tem fé de que em breve retomará a vida plenamente.
Uma
vaquinha virtual realizada pelo VOAA, do site Razões para Acreditar @razoesparaacreditar, plataforma de financiamento cuja finalidade é mudar a vida
de pessoas anônimas que tanto necessitam de auxílio financeiro, bateu a meta de
arrecadar R$ 550 mil o que possibilitará a compra de próteses para o
profissional voltar a trabalhar.
As
doações bateram a meta em cerca de 24 horas, assim que a ação foi ao ar, no
início de outubro. A campanha, no entanto, chegou ao fim na última terça-feira
(26/10). O valor total arrecadado chegou a R$ 636.732,11.
Com os
recursos, o sonho do pintor em ter as próteses – uma delas, biônica, para
que ele possa continuar pintando e sustentando a família –, será realizado.
Em
entrevista ao Metrópoles, José comemorou a ajuda. “Atingir e ultrapassar a meta foi
algo sem explicação. Impressionante. Jamais pensei que pudesse ser tão rápido
assim. Só tenho a agradecer a Deus por ter preservado a minha vida e todo o
apoio que tenho recebido”, emocionou-se.
Como a campanha arrecadou mais que o valor
estipulado na meta para os braços mecânicos, a família usará o adicional para a
compra de uma casa e assim, garantir a estabilidade deles, já que o
profissional é autônomo e hoje vivem de aluguel.
O pintor
é viúvo e mora com a mãe, Francisca Lima de Araújo, 65, e os dois filhos, uma
adolescente, de 16, e um menino, de 12, no Recanto
das Emas. Ele perdeu a esposa há sete anos, vítima de câncer.
Confira
o emocionante depoimento do pintor em vídeo:
Acidente de trabalho
A fatalidade ocorreu em 16 de julho último.
José é profissional experiente e atua na atividade há mais de 27 anos. Ele
sofreu uma descarga elétrica de 13 mil
volts enquanto prestava serviço em uma obra na QE 40 do Guará
2, em um prédio comercial.
“Era o primeiro dia naquele serviço. Eu sempre
tive o maior cuidado para não acontecer acidentes como esse. Caí para trás e
percebi os meus braços e abdômen completamente queimados”, contou.
Após o acidente, o colega de trabalho de Zé – como
é chamado carinhosamente por amigos e familiares – acionou o Corpo
de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) para socorrer
o pintor. A vítima foi transportada ao Hospital de Base do Distrito Federal
(HBDF), onde ficou em coma por 12 dias e, depois, transferida ao Hospital
Regional da Asa Norte (Hran), unidade referência no atendimento a queimados.
Ao acordar do coma, o pintor teve a noção do que
havia lhe acontecido. Para não correr o risco de uma infecção generalizada, ele
precisou amputar os braços. “Percebi que estava sem os braços. Foi um choque
muito grande. Como eu já tinha visto a situação, eu sabia, lá no fundo, que eu
ia perder os meus braços. Queimou na hora”, relatou.
O Metrópoles e o Blog O Povo com a Notícia, mostrou o momento que os filhos reencontraram o pai após deixar a unidade de terapia intensiva (UTI), em agosto.
Assista:
Fé
Zé recebeu alta hospitalar em 7 de setembro,
após mais de 50 dias internado. A tragédia, no entanto, não abalou a fé do
homem. Com a esperança de recomeçar, José diz não ter duvidado, em momento
algum, da capacidade de voltar a ter uma vida normal.
“Meus filhos dependem de mim, eu preciso
voltar a trabalhar”, disse. Ele agradeceu o apoio e a presença constante dos
dois ao seu lado. “Eles são os meus braços. Fico feliz em tê-los. O mais novo,
José Lucas, é autista mas entende que eu não consigo fazer algumas coisas
sozinho e me ajuda. A Nicole é muito carinhosa”, completou.
Valdirene de Araújo Oliveira Lima, 44 , irmã
de Zé, e o cunhado dele, o chef de cozinha Francisco Valdemir Rodrigues Lima,
52, também fazem parte da rede de apoio do pintor.
Agora, eles aguardam o depósito do montante,
que deve ocorrer no início de dezembro, para buscar os implantes dos cotovelos
e das mãos.
Todo o processo deve levar mais de um ano para
ser concluído até a cirurgia, adaptação e o retorno ao trabalho.
“A gente espera
receber o dinheiro no início do mês 12 e vamos ainda antes do fim de ano, atrás
das próteses. Os membros dele serão modelados para receber os braços mecânicos.
É um processo personalizado. Não estamos com ansiedade. É a chance dele. Não há
dúvidas que vai dar tudo certo”, comentou Valdirene.
José também está confiante. “Tenho muitos exemplos de que é possível seguir a vida normalmente”, pontuou. Ele achava que ia passar mais de seis meses no hospital. “Todos se admiraram com a minha recuperação. Isso me motiva. Tenho fé de que vou conseguir e nada é impossível”, concluiu. (Via: Matrópoles)
Blog: O Povo com a Notícia