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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Escolas pernambucanas fazem alerta sobre a série Round 6

A direção da escola pernambucana Vera Cruz, na Zona Norte do Recife, lançou um comunicado com alertas para pais e responsáveis sobre a série Round 6, recém-lançada pela Netflix. A série sul-coreana é o maior sucesso da história do canal de streaming e o conteúdo trazido na produção tem repercutido entre pessoas de várias faixas etárias, inclusive entre crianças e adolescentes.

No comunicado direcionado aos responsáveis dos alunos, a escola privada demonstra preocupação com o impacto dos conteúdos apresentados na série em crianças e jovens com idades abaixo de 16 anos. “Alertamos aos senhores responsáveis sobre o que temos escutado e nos chamado atenção em relação a uma série que foi lançada na Netflix, chamada Round 6”, inicia o comunicado. Em seguida, o aviso aponta que a série apresenta “conteúdo de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, cenas de sexo, palavrões” e classifica a produção como “um total desrespeito à vida”.

A diretora da escola, Gladys Brasileiro, explicou que o comunicado foi emitido aos pais como ação preventiva. Um outro aviso de alerta, desta vez direcionado a toda a comunidade escolar, será lançado pela unidade de ensino hoje.

“São mais os meninos dos anos finais que têm a curiosidade. Começamos a chegar perto e poucos comentaram. Ainda não está aquele frisson, mas antes que aconteça decidimos emitir a nota para a comunidade escolar, alertando os pais. Já conversamos com professores e coordenadores e agora vamos atingir toda a comunidade, como uma forma de prevenção e proteção", disse.  

De acordo com a neuropsicóloga Tássia Queiroz, é imprescindível que os pais consigam filtrar os conteúdos adequados para os filhos, de acordo com a classificação por faixa etária. “Isso acaba programando o cérebro a normatizar esse conteúdo. Muitas vezes, a criança e o adolescente estão numa fase vulnerável e vão filtrar esses estímulos”, explica.

A primeira temporada de Round 6 conta com nove episódios. Na trama, 456 pessoas que estão afundadas em dívidas são convidadas a participarem de uma competição de sobrevivência que envolve vários jogos infantis tradicionais, como Batatinha Frita 1,2,3 e Cabo de Guerra. Quem não consegue cumprir as regras dos jogos, morre. Já quem consegue vencer e passar as etapas, garante a chance de levar o grande prêmio, uma quantia no valor de aproximadamente US$ 40 milhões. A série tem classificação etária de 16 anos e o autor, Hwang Dong-hyuk, já declarou que não cricou a série para crianças e o enredo é uma alegoria ao capitalismo.

“Eu queria escrever uma história que fosse uma alegoria ou fábula sobre a sociedade capitalista moderna, algo que retratasse uma competição extrema da vida. Mas eu queria que ele usasse o tipo de personagem que conhecemos na vida real”, explicou à revista estadunidense Variety.

Também sediada na Zona Norte, bairro do Rosarinho, a Escola Waldorf Recife enviou um comunicado à comunidade escolar em que alerta os pais sobre o enredo da série, destacando que as ‘brincadeiras’ com o pano de fundo violento podem atrair crianças numa faixa etária não recomendada pela plataforma. “Seus cenários e enredo lúdico, trazem brincadeiras e brinquedos populares, que podem atrair crianças pequenas para assisti-la. A série tem violência explícita, tortura psicológica, suicídio e é complexa para crianças e jovens, trazendo imagens e situações que podem ser confusas para a compreensão deles”, diz o texto.

A nota, assinada pelo colegiado de professores na instituição, também alerta para outros canais, que podem trazer o conteúdo do programa, inclusive tendo como ‘atores’ personagens mais conhecidos das crianças, como youtubers e tik tokers. “Pedimos atenção também aos YouTubers e Tik Tokers, pois eles estão fazendo menções à série, o que gera mais curiosidade nas crianças. Há também referência aos desafios da série dentro de jogos como Minecraft e Roblox. Nosso propósito com este alerta é lembra-los da missão que temos de proteger as crianças para que desenvolvam um corpo, uma alma e espirito saudaveis”, explica.

Para a psicóloga cognitivo-comportamental, Karine Torres, o diálogo é uma das formas de gerar a compreensão sobre as consequências dos conteúdos. Isso porque a maturidade de uma criança não pode ser comparada com a de um jovem com idade acima de 16 anos ou a de um adulto. “Crianças e adolescentes, hoje, têm acesso à internet de uma forma geral. Isso faz parte de uma sociedade e não podemos simplesmente excluí-los desse universo. Mas é extremamente importante que os pais não só observem o que os filhos estão olhando, mas intervenham, retirando certos conteúdos. Não é a proibição pela proibição, mas, sim, com o diálogo, para fazer com que esse jovem entenda as consequências do que aquele produto pode trazer para a sua saúde emocional”.

De acordo com um estudo dirigido pela professora associada de psicologia clínica da Universidade de Calgary, no Canadá, Sheri Madigan, um em cada quatro adolescentes está “experimentando sintomas de depressão elevados, enquanto um em cada cinco jovens tiveram sintomas de ansiedade” .

“Índices de depressão e suicídio nessa faixa etária têm crescido e a série pode funcionar como um gatilho”, ressalta Torres. Uma das alternativas pode acontecer quando os pais se propõem a assistir com os jovens - ainda assim respeitando a classificação etária estabelecida dentro de cada conteúdo. (Via: Diário de PE)

Blog: O Povo com a Notícia