O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (20) que “a voz do povo é a voz de Deus” depois de o público gritar “Renan vagabundo” durante evento do governo em Russas (CE). O chefe do Executivo criticou a CPI da Covid no Senado, que tem o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator. O colegiado está reunido nesta quarta para a leitura do relatório final da comissão.
“A voz do povo é a voz de Deus. Como seria bom se aquela CPI
estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo de nosso
Ministro da Saúde, servidores, de pessoas humildes e empresários. Nada
produziram a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós”, disse.
Bolsonaro declarou que o governo não tem “culpa de
absolutamente nada” e voltou a defender o uso de medicamentos sem eficácia
comprovada contra a Covid-19. “Nós sabemos que não temos culpa de absolutamente
nada. Sabemos que fizemos a coisa certa desde o primeiro momento”, disse.
O relatório de Renan Calheiros pede o indiciamento de 70
pessoas e empresas por 29 crimes. Os números ainda podem mudar. Bolsonaro está
na lista e é citado em 9 crimes. Além do chefe do Executivo, figuram na lista
atuais e ex-integrantes do alto escalão do governo –como Eduardo Pazuello–,
congressistas, empresários, médicos e influenciadores bolsonaristas.
A defesa de integrantes do governo por medicamento sem
eficácia contra a covid foi um dos temas mais debatidos pela CPI. Segundo
Bolsonaro, ele teve a “coragem” de apresentar “uma possível solução” para a
doença. Ainda não há nenhuma evidência científica sobre eficácia do chamado
“tratamento precoce” defendido por Bolsonaro e rejeitado por especialistas.
No evento, como em outras ocasiões, Bolsonaro pediu que
pessoas que tomaram remédios sem eficácia comprovada levantassem a mão. “É
muito importante agora, eu quero que se alguém tiver filmando que filmasse a
plateia, quero que levante a mão quem por ventura foi acometido de covid. Baixa
o braço. Quem tomou cloroquina ou ivermectina? Obviamente vocês foram
orientados por médicos”, disse.
O presidente participou nesta quarta-feira, em Russas (CE),
do lançamento do edital para a construção do Ramal do Salgado. Estava
acompanhado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
O evento faz parte da Jornada das Águas, série de viagens e entregas do governo federal relacionadas ao abastecimento e infraestrutura sanitária no país. Antes da cerimônia, Bolsonaro causou aglomeração ao cumprimentar apoiadores, sem máscara, na chegada ao aeroporto de Mossoró (RN) e nas cidades de Baraúna (RN) e Russas.
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