O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, afirmou em entrevista na manhã desta segunda-feira (25), que a fala mentirosa de Jair Bolsonaro sobre vacina e Aids em live na última semana será incluída no relatório final da CPI.
Em live em suas redes sociais na última quinta-feira (21), Bolsonaro citou "relatórios oficiais" falsos no Reino Unido para afirmar que vacinados têm mais facilidade para desenvolver síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids). O Facebook e o Instagram retiraram o vídeo do ar.
Randolfe também confirmou que a CPI deve encaminhar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, um ofício para que o caso faça parte também da investigação no âmbito do inquérito das fake news.
Líder da oposição no Senado, Randolfe chamou Bolsonaro de "delinquente" e disse que ele só não foi preso pelas declarações pois ocupa a presidência da República e conta com a "cumplicidade" de outros poderes.
"Temos que ter consciência de lidar com esse delinquente. Esse delinquente permanece na Presidência da República sobre os auspícios e cumplicidade do presidente da Câmara dos Deputados (Arthur Lira), e a esta altura também da Procuradoria-Geral da República, que não repele este tipo de comportamento", afirmou o senador.
"Lamentavelmente este tipo de prática reiterada e criminosa, no Brasil, tem o cumpliciamento das redes sociais. Há muito já deveria ter ocorrido com Jair Bolsonaro a mesma coisa que ocorreu com seu congênere, o Donald Trump, nos Estados Unidos. Há muito que ele já deveria ter sido banido das redes sociais", completou.
Randolfe prometeu que Bolsonaro vai responder pelos crimes revelados ao longo do trabalho da CPI e que constam no relatório final. Ele ressalta que o seu desejo de punição se justifica pelos fatos, não por se opor ao governo.
"É meu dever trabalhar com afinco para isso (para que Bolsonaro seja preso). Não por ele ser Jair Bolsonaro, ser presidente da República, ou pelas circunstâncias de estar na oposição dele. É porque os crimes são latentes", aponta.
O relatório final da CPI foi apresentado na última sexta-feira (19) pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) e sugere que Bolsonaro seja indiciado por nove crimes, entre eles contra humanidade e de responsabilidade.
"Os crimes transpiram, o crime é continuado, reiterado. É também dever civilizatório, histórico e moral nosso trabalhar para que as consequências desse relatório ocorram, sejam em relação a ele, sejam àqueles que atuaram em conjunto com ele", relata Randolfe em entrevista ao UOL.
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