Em decisão por maioria de votos, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu que o padre Airton Freire, réu em dois processos por crimes sexuais, vai aguardar julgamento em prisão domiciliar e usando tornozeleira eletrônica. O pedido de habeas corpus foi julgado na manhã desta quinta-feira (24).
Dois desembargadores da 1ª Câmara Regional de Caruaru do TJPE votaram a favor do pedido da defesa do religioso. Um foi contrário. "Na sustentação, deixamos claro que o padre corre, conforme os laudos médicos, risco altíssimo de morrer na prisão, onde não poderia ter atendimento médico adequado e rápido”, declarou o advogado Marcelo Leal, que fez a sustentação oral a favor do padre.
No começo da semana, dias após passar por uma cirurgia cardíaca para troca da válvula aórtica, padre Airton precisou voltar para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Real Hospital Português, no Recife. A defesa informou que ele "teve um bloqueio atrioventricular total, uma complicação possível nesse tipo de cirurgia". Por causa disso, foi implementado um marca-passo.
A assessoria de comunicação do TJPE foi procurada, mas, em nota já padrão, disse que "os processos e procedimentos que tratam de crimes contra a dignidade sexual correm em segredo de justiça".
"Não podemos divulgar informações sobre seus respectivos trâmites, decisões, julgamentos ou recursos, ficando o acesso aos dados limitados apenas às partes envolvidas e aos seus advogados/representantes legais", afirmou o texto.
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PADRE AIRTON E 3 FUNCIONÁRIOS SÃO RÉUS
Padre Airton, criador da Fundação Terra, e três funcionários dele viraram réus após a Justiça aceitar as duas denúncias do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) relacionadas a crimes sexuais.
O religioso foi preso preventivamente no dia 14 de julho em Arcoverde, no Sertão, durante operação que também cumpriu mandados de busca e apreensão. Ele estava numa cela isolada do Presídio Advogado Brito Alves. No dia 22 do mesmo mês, após passar mal, ele foi encaminhado para o Hospital Memorial Arcoverde e, no dia seguinte, para o Hospital Português.
Além de padre Airton, também são réus o motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos; Landelino Rodrigues da Costa filho, 34, responsável por realizar filmagens de missas e eventos na Fundação Terra; e outro motorista que não teve o nome divulgado pela polícia. Este último responde pelo crime de falso testemunho e não teve a prisão preventiva decretada.
Jailson, que continua foragido, foi denunciado por estupro pela personal stylist Sílvia Tavares de Souza, 53 anos. O crime, segundo a mulher, teria sido praticado durante um retiro espiritual em agosto de 2022.
Ela disse que mantinha uma relação próxima com o padre e o tinha como uma figura paterna e santa. Mas que a admiração acabou após ser violentada por Jailson por ordem do padre, que teria presenciado tudo.
Na ocasião, ela teria sido chamada pelo religioso até a casa dele para realizar uma massagem. Durante a atividade, ela teria percebido que Airton estava sem roupa e decidiu interrompê-la. "Quando pulei da cama, o motorista colocou a faca no meu pescoço, me deu uma gravata e disse 'quieta que ninguém vai morrer'", contou.
Segundo Sílvia, o padre ordenou o estupro enquanto ele se masturbava.
Os indícios de envolvimento de Landelino com os crimes sexuais que foram investigados não foram revelados pela polícia. Ele foi preso em 27 de julho, um dia após os investigadores divulgarem o nome dele para que a população pudesse ajudar na captura.
PADRE AIRTON FREIRE: TRÊS INQUÉRITOS SEGUEM SOB INVESTIGAÇÃO
Há ainda três inquéritos em andamento, de mais três supostas vítimas. Uma delas é um homem que disse também ter sofrido abuso sexual após supostamente ter sido dopado.
A polícia divulgou um número exclusivo para que outras possíveis vítimas ou testemunhas possam entrar em contato. O contato é o (81) 9.9488.7082. (Via: Rnda Jc)