Pela primeira vez, a Polícia Civil ouviu em depoimento dois policiais militares sobre a sequência de oito mortes em menos de 24 horas em Camaragibe, no Grande Recife, e em Paudalho, na Zona da Mata de Pernambuco. Os assassinatos aconteceram entre os dias 14 e 15 de setembro.
Os depoimentos aconteceram na sede do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife.
Nesta terça, a Polícia Civil também analisa mais de 260 horas de gravação de 20 câmeras da prefeitura de Camaragibe. São 13 horas gravadas por cada equipamento. Essas imagens devem ajudar a esclarecer a dinâmica em que aconteceram as mortes.
A primeira oitiva durou cerca de uma hora e meia e aconteceu pela manhã. A corporação não informou a identidade do PM ouvido, nem qual a participação dele no caso.
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Instagram e Facebook.
O policial prestou depoimento acompanhado por uma equipe de advogados. Eles disseram que o PM, junto com outros dois agentes, foi acionado para prestar assistência ao soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, e ao cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos.
Ambos morreram após serem baleados pelo caminhoneiro Alex da Silva Barbosa, de 33 anos. Esse tiroteio deu início à sequência de mortes em que o atirador e outras cinco pessoas da família dele foram assassinados.
O advogado Miguel Caribé, um dos defensores do PM que prestou depoimento, afirmou que ele carregou o cabo Rodolfo para a viatura da polícia e levou o policial ferido para o Centro Médico de Camaragibe (Cemec), onde a vítima morreu.
"Supostamente, das informações que foram prestadas, a primeira viatura chegou lá porque se tratava de uma denúncia de perturbação do sossego, onde haveria alguns disparos de arma de fogo na laje. Então, a primeira viatura se dirigiu para prestar essa ocorrência, onde foi constatado que estavam ocorrendo disparos de arma de fogo, som alto, e, aí, ocorreram todos os fatos", afirmou o advogado.
No tiroteio em que os dois PMs foram mortos, também ficaram feridos um adolescente de 14 anos, baleado na cabeça, e a grávida Ana Letícia, de 19 anos, que também foi atingida na cabeça e está internada em coma num hospital.
O irmão de Ana Letícia, Carlos Augusto da Silva Filho, disse que, depois de socorrer a irmã, foi levado para a Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, e torturado por policiais. Além disso, o carro em que a família socorria a grávida foi alvo de tiros.
Questionado, o advogado Miguel Caribé afirmou que o PM que depôs nesta terça-feira não estava envolvido nessas ocorrências. Ele disse, também, que o policial, depois de socorrer o cabo Rodolfo, parou num posto de gasolina para abastecer a viatura e se dirigiu ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro.
O segundo depoimento foi de um soldado identificado como Danrley Farias Costa de Andrade, que também foi acionado para prestar apoio aos PMs que morreram. O advogado que o representou, Cezar Souza, disse que o soldado chegou a levar o irmão de Ana Letícia para a delegacia, mas disse que o policial nega a tortura.
"Eles relataram que tinha uma pessoa circulando nas imediações do hospital, que estava com as vestes com sangue e falando sobre o caso que tinha acabado de ocorrer. Então, pegaram essa pessoa e conduziram até o DHPP. [...] É o irmão da grávida que foi alvejada. Ele estava naquela unidade de saúde. Segundo ele, não houve tortura. Apenas pegaram o rapaz e conduziram até o DHPP", declarou. (Via: G1 PE)
Acompanhe o Blog O Povo com a Notícia também nas redes sociais, através do Instagram e Facebook.