O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), conversaram na noite desta quarta-feira (3), e, após a repercussão negativa sobre a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do sacerdote na Câmara Municipal da cidade, vereadores que compõem a base do prefeito retiraram assinatura do requerimento.
Conforme o Portal Metrópoles, o prefeito afirmou que o requerimento que circulou entre os vereadores não fazia nenhuma menção ao padre. O pedido era para a instalação de uma CPI para investigar “as Organizações Não Governamentais (ONGs) que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”.
O emedebista é crítico da atuação de entidades como a Craco Resiste, que promove ações assistenciais aos dependentes químicos do fluxo, e propõe medidas mais duras para parte dos usuários, como a internação compulsória. Segundo Nunes, a CPI não tinha, em seu requerimento, o padre Júlio como alvo, e isso foi destacado na conversa entre ele o religioso.
Ricardo Nunes, que tentará a reeleição, é ligado à Igreja Católica e próximo do cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer. O prefeito conversou, ainda segundo o Metrópoles, com outros membros do clero paulista nesta quinta-feira que buscavam saber a motivação para a abertura de uma CPI. Em nota, a Arquidiocese de São Paulo manifestou "perplexidade”.
O vereador Rubinho Nunes (União), que é ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), é o autor do pedido de abertura de CPI.