O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou Roberta Cristina Veloso Fernandes por quatro homicídios qualificados, acusando-a de atuar ao lado da irmã gêmea, Ana Paula Veloso Fernandes, também já denunciada, em uma série de assassinatos cometidos com o uso de veneno, entre janeiro e maio deste ano.
Em denúncia, assinada no último dia 17 na Vara do Júri de Guarulhos, Grande São Paulo, os promotores Rodrigo Merli Antunes e Vania Cáceres Stefanoni afirmaram que Roberta “revela ser uma assassina em série tal como a irmã”, apresentando o mesmo padrão de “crueldade e frieza” em todos os crimes.
“Além da gravidade das infrações cometidas ser indiscutível, bem como de estarmos diante de mais uma serial killer, é certo que a investigação já demonstrou que Roberta também teve a intenção de atrapalhar os trabalhos de Polícia Judiciária, não só eliminando vestígios, como direcionando provas a terceiros inocentes”, afirmaram os promotores no pedido de conversão da prisão temporária em preventiva.
As gêmeas, segundo a denúncia obtida pelo Metrópoles e redigida com base no inquérito policial, são apontadas como responsáveis pelas mortes de Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres, no intervalo de quatro meses. Os crimes ocorreram em Guarulhos (SP), na capital paulista, e em Duque de Caxias (RJ).
Ana Paula está presa desde 4 de setembro passado. Roberta foi detida pouco tempo depois. Michele Paiva da Silva, filha de uma vítima, assassinada no Rio de Janeiro, foi presa no último dia 7 de outubro, sob a suspeita de contratar as gêmeas para o crime.
Todas as vítimas, conforme a investigação, morreram após ingerirem alimentos contaminados com “chumbinho” — veneno ilegal, usado para matar ratos que foi ministrado por Ana Paula, incentivada por Roberta, como consta no processo do caso.
Alimentos envenenados
O primeiro crime, segundo o MPSP, ocorreu em janeiro, quando Marcelo Hari Fonseca, proprietário do imóvel onde as irmãs moravam, foi envenenado, na Rua São Gabriel, em Guarulhos. O objetivo, segundo a denúncia, era “se apossar do imóvel”. Ana Paula teria colocado o veneno em um bolinho frito oferecido a Marcelo, com o apoio de Roberta, que se beneficiaria com o uso da casa.
Poucos meses depois, entre 10 e 11 de abril, a vítima foi Maria Aparecida Rodrigues, também envenenada em Guarulhos. A motivação seria vingança. Ana Paula quis incriminar falsamente um policial militar com quem havia terminado um relacionamento. Roberta teria encorajado a irmã e ajudado a sustentar a farsa.
Já em 26 de abril, as irmãs viajaram ao Rio de Janeiro, onde mataram Neil Corrêa da Silva, de 60 anos, pai de uma amiga de Ana Paula. Segundo a denúncia, o crime foi cometido “em razão de promessa de recompensa”. O veneno foi inserido nos alimentos da vítima, em Duque de Caxias.
O último homicídio atribuído à dupla ocorreu em 23 de maio, no bairro do Brás, no centro paulistano. A vítima, o tunisiano Hayder Mhazres, havia conhecido Ana Paula por aplicativos de relacionamento. Após o assassinato, a acusada tentou se passar por herdeira dele, alegando estar grávida, farsa descoberta pela polícia. O MPSP afirma que Roberta também participou do crime, estimulando a irmã e aguardando parte dos ganhos financeiros que esperavam obter.
Denúncias
Roberta foi denunciada pela Promotoria por quatro homicídios qualificados — três por motivo torpe e um também por promessa de recompensa —, todos praticados com emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa das vítimas, caracterizando-os como crimes hediondos.
Como já mostrado pelo Metrópoles, as “gêmeas do crime” mantinham um padrão com o qual aproximavam-se das vítimas, valendo-se de discursos de amizade, ou ainda romance, aplicavam veneno em comidas, bebidas e, depois, tentavam se beneficiar financeiramente.
A série de mortes ligou o alerta da polícia por conta da “frieza e racionalidade” das ações, que agora levaram a Justiça a enquadrar Roberta Cristina Veloso Fernandes também como serial killer.
O que diz a defesa das acusadas
O advogado Almir da Silva Sobral, que defende as irmãs, diz, em nota, que qualquer afirmação prematura sobre a participação das duas nos crimes é uma violação direta do princípio da presunção de não culpabilidade. “Nesta fase, em que as provas ainda estão sendo formadas e examinadas, não é possível afirmar ou negar categoricamente qualquer tese defensiva.”
“Acreditamos que, ao final da apuração, a verdade real virá à tona”, acrescenta a nota.
A defesa de Michele não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações. (Via: Metrópoles)
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