Documentos apreendidos durante operação (Foto:
Divulgação / Polícia Federal)
Uma operação policial deflagrada na manhã desta segunda-feira (30) desarticulou uma quadrilha suspeita de desvio de recursos federais destinados ao pagamento de benefícios como o seguro-desemprego e o Bolsa Família. De acordo com as investigações da Polícia Federal, a organização criminosa atua desde 2012 no Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Olinda e liberou, pelo menos, 1.463 benefícios, fraudando cerca de R$ 8 milhões.
A 4ª Vara da Justiça Federal emitiu nove mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e dois de condução coercitiva. Sete pessoas foram presas, sendo que um homem suspeito de liderar o esquema ainda não foi capturado pela Polícia Federal. Ele teria ajuda de um alto funcionário do Sistema Nacional de Empregos (Sine) de Olinda, ligado à Secretaria de Trabalho e Emprego do estado, que foi detido durante a manhã.
“Conseguimos na Justiça bloquear R$ 4 milhões que não chegaram a ser desviados. Durante as buscas na casa desse líder, conseguimos encontrar uma quantia em dinheiro que ainda está sendo contada, mas gira em torno de R$ 300 mil”, explica o superintendente regional da Polícia Federal em Pernambuco, Marcelo Diniz.
A suspeita de fraude partiu do monitoramento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília, que suspeitou da repetição de informações, como tempo de trabalho e salário, além do número sequenciado de processos. “O patrimônio é de todos os trabalhadores, então quando se frauda o erário público, isso prejudica a todos. O nosso empenho para que façamos cada vez mais aprofundamento da supervisão dos agentes de ponta, acompanhando todas as agências, não só do Ministério, como as conveniadas”, afirma o superintendente regional da pasta em Pernambuco, André Negromonte.
O coordenador-geral do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e Identificação Profissional do MTE, Márcio Alves Borges, explica que o ministério tem ferramentas para impedir que os desvios continuassem, mas seguiu orientação da PF para identificar a origem da fraude. “Com as senhas de funcionários do Sine, ele [o líder do esquema] inseria, com essas senhas, informações falsas no sistema do Ministério do Trabalho”, explica.
Eram utilizados números aleatórios, processos trabalhistas inexistentes e falsos vínculos empregatícios. “Para fabricação desses vínculos trabalhistas, o principal alvo utilizava de 17 empresas de fachada, fantasmas. Ele tinha um cuidado de cadastrar pessoas como empregados dessas empresas, pessoas que nunca trabalharam nessas empresas porque essas empresas nunca existiram. Era necessário sempre a utilização de um número de processo na Justiça, ele simulava tanto o vínculo do emprego quanto a sentença do juiz”, detalha o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Bernardo Gonçalves.
De acordo com a polícia, o líder da quadrilha se identificava como policial federal. Na casa dele, foi apreendida uma camisa falsa do órgão. Os detidos eram responsáveis por captar, nas ruas de Abreu e Lima e Olinda, cidadãos dispostos a fornecer seus dados para serem utilizados, além de pessoas que cediam uma conta para que o dinheiro fosse depositado. Os suspeitos ofereciam um pagamento em troca dos serviços.
"Pudemos confirmar os desvios do seguro-desemprego, mas durante a operação tivemos indícios de que podem haver fraudes no Bolsa Família. Não temos ainda provas concretas, mas vamos investigar", afirma o superintende da PF Os suspeitos podem responder pelos crimes de corrupção ativa ou passiva, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Blog: O Povo com a Notícia
Fonte:G1 PE