Nos últimos 12 anos, Dilma Rousseff foi ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil, comandante do Conselho de Administração da Petrobras e presidente da República. Exerceu o poder em sua plenitude. Carregou na coleira a maior estatal do país, hoje rebatizada pelos fatos de Roubobras.
Pois bem. Na noite desta sexta-feira (28), discursando para a plateia companheira do diretório nacional do PT, Dilma apontou a causa de tanto roubo: a falta de uma reforma política. Sem uma “verdadeira reforma política”, disse ela, o combate à corrupção nunca será totalmente eficaz. Vai ser um eterno “segura daqui, aparece ali, segura de lá, aparece acolá.”
Em essência, Dilma aplicou para o petrolão a mesma tese que Lula tentara usar para o mensalão —a tese segundo a qual rouba-se o dinheiro público porque os partidos precisam forrar suas caixas registradoras. O argumento é falso como nota de três reais.
Conforme já foi comentado aqui, se os crimes na Petrobras tivessem alguma coisa a ver com a caixa de campanha, o roubo seguiria o manual: os contratos seriam superfaturados e a diferença se converteria em doações das empreiteiras aos partidos e aos comitês de candidatos. Tudo registrado na Justiça Eleitoral.
Não haveria a necessidade de envolver na transação atravessadores como Alberto Youssef. Quem recorre à lavanderia do doleiro está atrás de outro serviço: a transformação do dinheiro da corrupção em patrimônio.
Num caso em que um simples gerente-executivo da Petrobras concorda em devolver ao erário propinas de US$ 97 milhões, quem invoca a tese do caixa dois sem tirar as crianças da sala arrisca-se a passar por bobo. Ou cúmplice.
Boba vê-se que Dilma não é. Cúmplice ela não admite ser. Resta à presidente consultar um oculista. Corrigindo a deficiência visual, ela talvez perceba que o dinheiro sai pelo ladrão no orçamento da Petrobras porque os ladrões entraram em profusão no orçamento da companhia. (Blog do Josias de Souza)
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