Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e preso por envolvimento no esquema de corrupção na empresa, durante depoimento ontem na CPI no Congresso, embora falasse pouco, ajudou a tocar fogo no quadro em torno do grande escândalo que envolve a estatal. Declarou, sem meias palavras, a certa altura da fala que o esquema de fraude da Petrobras vem desde os governos Sarney, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma, e é prática que ocorre no Brasil inteiro e em todos setores.
‘’Nesses 27 anos, assumi cargos importantes. Em todos esses cargos que assumi, não precisei nunca de apoio político. Consegui esses cargos por competência técnica. Quando surgiu a oportunidade de obter uma diretoria, era sonho meu ser diretor e, quem sabe, a presidência. Mas desde os governo Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, todos os diretores, se não tivessem apoio político, não chegavam a diretor’’, disse.
Paulo Roberto Costa lamentou e se diz arrependido de ter aceitado tal cargo na petrolífera: ‘’Infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a diretoria de Abastecimento. Estou extramente arrependido de fazer isso. Se pudesse, não teria feito isso. Quisera eu poder não ter feito isso. Isso tudo, para tornar minha alma mais pura, confortável, para mim e para minha família, fiz o acordo de delação. Passei seis meses na carceragem. O que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro, nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas — disse Paulo Roberto.
SEM DETALHES: Ele confirmou tudo o que disse no processo de delação premiada, mas não quis dar detalhes. Segundo ele, fatos e pessoas envolvidas nas irregularidades serão conhecidos no momento oportuno.
‘’Tudo que falei lá, eu confirmo. Não tem nada lá que não confirmo. É um instrumento sério, que não pode ser usado de artificio, de mentira, que não pode ser na frente confirmado. Nos mais de 80 depoimentos que eu fiz, foram mais de duas semanas de delação, o que está lá eu confirmo. Provas existiram e estão sendo colocadas. Falei de fatos, de pessoas. Na época oportuna, virão a conhecimento público ‘’, disse Paulo Roberto. Ele afirmou ainda que a família está sofrendo e que foi, por orientação dos familiares, que está colaborando com as investigações:
— Quando resolvi falar a delação premiada, não foi orientação do advogado, de ninguém. Foi da minha família. Quem colocou com clareza foi minha esposa, minhas filhas, meus genros e netos. Falavam: por que só você? E os outros? Você vai pagar sozinho. Fiz a delação para dar um sossego à minha alma e conforto à minha família.
ALGUMAS DEZENAS’ DE POLÍTICOS ENVOLVIDOS: No fim da sessão da CPMI, o deputado Enio Bacci (PDT-RS) solicitou a Costa uma estimativa sobre o número de políticos envolvidos no esquema de corrupção na estatal. Bacci pediu, em tom descontraído, que o ex-diretor da Petrobras o “premiasse com esta delação”.
Paulo Roberto Costa, que não pode citar políticos nominalmente, disse que o parlamentar estava deixando-o numa situação “meio constrangedora”.
Mas respondeu: "Algumas dezenas" encerrou, ouvindo risos entre os parlamentares presentes. (De O Globo)
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