Apesar da intensificação de
campanhas de combate ao mosquito Aedes Aegypti desde novembro, o Brasil deve
enfrentar uma epidemia de contaminações por dengue, zika vírus e chikungunya
nos próximos meses. Essa é a percepção de especialistas consultados pelo UOL,
que reafirmam a importância do combate para minimizar danos, mas não como
solução única para o problema.
O último boletim
epidemiológico aponta que houve aumento de 36% no número de casos de dengue
entre novembro e dezembro de 2015 –subindo de 22,3 casos por 100 mil habitantes
para 30,4.
No final de novembro, o
ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que o país tinha dois meses para
combater e destruir os focos do mosquito e assim evitar uma nova epidemia. A
meta do ministério era visitar todas as casas do país até o final de janeiro, mas
apenas 15% dos imóveis recebeu visita até o momento.
Para o presidente da Sociedade
Brasileira de Dengue e Arboviroses, Artur Timerman, imaginar o fim da epidemia
em curto espaço de tempo é fruto de uma “pessoa ignorante” no assunto.
“Ninguém nunca na história da
humanidade vai acabar uma epidemia de arbovirose em dois meses combatendo foco
de mosquito”, afirma. “Podemos reduzir os danos, diminuir os focos, fazer a
vigilância dentro dos domicílios, mas a epidemia vai persistir.”
A lista de medidas anunciadas
e adotadas pelo Ministério da Saúde é grande: são 13 itens que envolvem repasse
de recursos, campanhas de combate ao mosquito, maior eficiência na notificação
dos casos. O Exército também está nas ruas ajudando os agentes de endemias nas
visitas domiciliares.
Mas nada disso terá um grande
efeito. “Onde as estações não são tão evidentes, os casos se mantém estáveis
durante o ano, como Norte e Nordeste. Nas regiões Sul e Sudeste há uma
sazonalidade: aumenta o número de casos no final do ano com explosão entre
março, abril e maio. É essa curva a epidêmica: de dezembro até março é a parte
ascendente. O perfil da epidemia tem sido constante há anos”, diz.
A professora de doenças
infecciosas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Vera Magalhães,
ressalta, de toda maneira, a importância do esforço de toda sociedade. “É o que
podemos fazer agora, do ponto de vista emergencial. Acredito que sem essas
ações que estão sendo feitas o número cresceria mais.”
Blog: O Povo com a Notícia