Apelidado por aliados de "meu malvado favorito", o deputado
afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) usou um esquema de corrupção na Caixa
Econômica para prejudicar seus adversários, segundo a delação premiada de Fábio
Cleto, ex-vice-presidente da instituição, de acordo com informações publicadas
pela Folha. Dentre os alvos do peemedebista estavam o governo de Dilma Rousseff
e o empresário Benjamin Steinbruch, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional),
segundo informações da delação obtidas pela Folha.
Cleto foi indicado pelo grupo de Cunha para ocupar o cargo na Caixa e
também fez parte do conselho do Fundo de Investimento do FGTS, opinando na
liberação de recursos para empresas. Além de usar a influência para cobrar
propina das empresas em troca da liberação dos recursos, Cleto disse que
atrapalhava a aprovação de projetos, a pedido de Cunha.
Segundo o delator, em outubro de 2014, a Companhia Siderúrgica Nacional
pleiteava financiamento do FI-FGTS, via emissão de debêntures, no valor de R$
1,2 milhão para a ampliação do Porto de Sepetiba (RJ). Cleto afirmou que
avisou a Cunha sobre a proposta, que tinha tramitação sigilosa. O deputado, no
entanto, alertou ao afilhado que tinha um relacionamento muito ruim com
Steinbruch e que tinha interesse na rejeição da operação. Cleto afirmou que,
por causa do pedido, pediu vista da operação e atrasou a análise em mais de um
ano.
Pelas regras da Caixa, não há prazo para a liberação de um projeto que
teve pedido de vista, mas era praxe que a questão fosse devolvida para a
diretoria na reunião mensal seguinte. Em meio ao avanço da Operação Lava
Jato sobre Cunha, Cleto deixou a Caixa em dezembro de 2015 sem devolver o
processo. Ele disse que não tomou conhecimento de pagamento de propina
nesse caso.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) aponta que Cleto violou o sigilo
funcional ao repassar as informações dos projetos para Cunha. Cleto tinha
acesso a esses dados porque recebia a pauta do que seria levado a votação com
duas semanas de antecedência da reunião.
Em nota, o deputado afastado Eduardo Cunha afirmou que nunca teve
discussão sobre esses assuntos com o ex-vice-presidente da Caixa Fábio
Cleto. O advogado de Funaro, Daniel Gerber, diz que seu cliente é inocente
e nega as acusações feitas por Cleto. O advogado de do ex-vice da Caixa,
Adriano Salles Vanni, não quis comentar.
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