Neste domingo (24), acontece no Sítio Lajes, em Serrita, às 8h, a
tradicional celebração do culto ecumênico da Missa do Vaqueiro, considerado o
maior evento cultural e religioso dos sertões. Nesta edição, a 46ª da história,
a missa em honras ao vaqueiro Raimundo Jacó - cuja morte originou o evento - e ao
ofício do vaqueiro será conduzida pelo Bispo da Diocese Salgueiro Dom Magnus.
Os músicos Josildo Sá e Chambinho, o poeta Pedro Bandeira, o Coral Aboios e as
duplas de aboiadores Fernando e Ronaldo e Chico Justino e Cícero Mendes também
participam da celebração da missa, sendo responsáveis pela parte musical do
culto, tradicionalmente embalado pelas "Rezas de Sol", conjunto de
canções apresentadas em ordem litúrgica.
Para a celebração, além dos turistas, são esperados aproximadamente mil
vaqueiros participantes. De acordo com a tradição, o início da missa é dado com
uma procissão deles a cavalo, levando, em honras a Raimundo Jacó, oferendas
como chapéu de couro, chicotes e berrantes ao altar de pedra rústica em formato
de ferradura. A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece
sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém
contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os
vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo.
Conhecida por unir o religioso e o profano, antes da celebração da
missa, os visitantes ainda poderam conferir várias atrações musicais e
culturais, como shows de artistas locais e nacionais, entre eles Fulô de
Mandacaru, Arreio de Ouro e Waldonys, vaquejada, pegas de boi e feirinha de
comidas típicas e artesanato. A programação profana do evento, inteiramente
gratuita, teve início nesta quinta-feira (21), apresentando um polo diurno, com
rodas de forró pé de serra, cantadores, repentistas e aboiadores.
O evento, patrocinado pela Empetur, Fundarpe, Governo do Estado de
Pernambuco e Prefeitura Municipal de Serrita, é uma promoção da Associação Luiz
Gonzaga dos Forrozeiros do Brasil, Apega - Associação dos Vaqueiros de Pega de
Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco - e com o apoio da Fundação Padre
João Câncio, coordenada por Helena Câncio.
Sobre a história da Missa - Realizada anualmente sempre no quarto domingo
do mês de julho, a Missa do Vaqueiro tem em suas origens uma história que foi
consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso
na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também
a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa
emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o
corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.
A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após
o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga. O Rei do
Baião, que era primo de Jacó, transformou "A Morte do Vaqueiro" numa
das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria
mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos - padre que ao ver a
pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a
palavra de Deus vestido de gibão - para fazer do caso de Jacó o mote para o
ofício do vaqueiro e para a celebração da coragem.
Serviço - 46ª Missa do Vaqueiro
Culto: Domingo, 24
Horário: Às 8h
Local: Serrita, no Sítio Lajes
Programação cultural: de quinta (21) a domingo (24)
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Ascom / Portal Serrita