Em seu discurso de despedida depois de uma viagem de três dias
percorrendo Bahia e Pernambuco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teceu
críticas à atuação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal na
Operação Lava Jato e foi ovacionado por militantes na noite desta quarta-feira
(13), no Recife. "Se algum representante do Ministério Público, que é uma
instituição séria que eu respeito, quiser mudar a República, é melhor deixar o
cargo e se candidatar a deputado ou senador e fazer política. Se algum policial
federal quer mudar a República, é melhor fazer política", disse.
Neste ano, Lula chegou a ser conduzido coercitivamente por agentes da PF
para depoimento em São Paulo em um desdobramento da Operação Lava Jato. Na
terça (12), em Petrolina (PE), o petista já havia se queixado do episódio em
uma entrevista à "Rádio Jornal". Para o ex-presidente, desde dezembro
de 2014 há uma criminalização do PT. Segundo ele, trata-se de uma represália
por ser o seu partido o responsável pelas investigações de corrupção no país.
"Foi o PT quem tirou o tapete que encobria a corrupção nesse país.
Foi o PT que investiu na Polícia Federal. Foi no governo do PT que o presidente
deixou de escolher o procurador geral da república dando autonomia. É isso que
eles não aceitam", afirmou.
DISCURSO INFLAMADO : No último discurso do périplo pelo Nordeste, Lula apresentou uma fala
inflamada, ao contrário do ato realizado pela manhã em Caruaru. O público
também mais empolgado na capital pernambucana interrompia o petista com
palavras de ordem e aplausos a cada ataque aos defensores do impeachment. Nem a
chuva forte que caiu durante discurso foi capaz de dispersar a multidão.
Além do presidente interino Michel Temer e do deputado Eduardo Cunha,
ambos do PMDB, Lula disparou críticas contra a imprensa, a quem acusou de fazer
"conluio com a Câmara Federal" para afastar a presidente Dilma
Rousseff. "Será que não é possível fazer investigação sem condenar a
partir de manchete de jornal? Sem ter que vender manchete para jornal?",
questionou aos gritos. E voltou a listar feitos que atribuiu ao seu governo,
como o combate à miséria, maior acesso ao ensino superior e o programa Luz para
Todos.
CARAVANA : Desde a última segunda-feira (04), o ex-presidente vem realizando uma
série de atos em cidades nordestina, em busca de apoio à presidente afastada
Dilma Rousseff. Em todos, fez questão de ser acompanhado por políticos locais.
Tanto na Bahia quanto em Pernambuco, foram escolhidas cidades
estratégicas do ponto de vista político e econômico da região, como Juazeiro
(PE), Petrolina (PE) e Caruauru (PE), esta na região de sua cidade-natal,
Garanhuns. Os atos reuniram majoritariamente militantes ligados a algum tipo de
sindicato ou movimentos sociais. Lula sustentou a tese do golpe, repetindo a
palavra incansavelmente a cada ato, e se disse vítima de perseguição das
elites. Críticas direcionadas a Temer e Cunha, antigos aliados, também foram
corriqueiras. Em nenhuma das quatro cidades, percorridas em três dias, o
ex-presidente se deparou com protestos contrários a ele e a Dilma. (Via: FolhaPress / Foto Gilberto Júnior)
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