A vida política brasileira
contemporânea poderá ser dividida entre os períodos anterior e posterior
à delação premiada da empreiteira Odebrecht, que começou a ser assinada
nesta quarta-feira por 78 diretores e ex-diretores da companhia.
Isso porque a delação atinge algo como 200 políticos – e
poderá triplicar o número de casos de investigados pelo Supremo Tribunal
Federal; outros tantos que já tiveram e hoje não têm mais foro privilegiado, e
também porque envolve a política brasileira desde o início dos anos 2000.
O mundo político ferve em Brasília com a notícia da
assinatura do acordo de delação premiada, o que quer dizer que agora vai ser
possível saber se é ou não verdade tudo aquilo que se falou sobre os nomes
citados pelos delatores. Mais dia, menos dia, eles virão a público, embora a
expectativa neste momento seja a de que os investigadores ainda irão deixar as
informações sob sigilo, pelo menos até a homologação do acordo pelo ministro
Teori Zavaski.
Por outro lado, um aspecto positivo – se é que há aspecto
positivo num caso como estes: é o fim da expectativa e o começo de um outro
momento, o da realidade. As peças da política vão se encaixando aos poucos. Os
agentes econômicos já conhecerão o impacto de tudo o que for revelado pela
Odebrecht e poderão ter mais clareza para calcular seus investimentos.
O governo Temer, no entanto, vai continuar na expectativa
para saber qual ou quais dos seus integrantes estão nesta lista da Oedebrecht e
de que forma isso pode atingir seus mais importantes quadros, inclusive o
próprio presidente Temer.
Mesmo na Justiça, já se falou em dar tratamento diferenciado
aos beneficiários de financiamento político da Odebrecht: pena maior para o
ordenador de despesa que autorizou o superfaturamento de obras públicas e
recebeu financiamento da empresa; um pouco menor para aqueles para os que
receberam doação sabendo se tratar de propina, mas não eram ordenadores de
despesa; e pena menor para os que receberam doação sem declarar – o chamado
caixa dois.
Este é o assunto em discussão no Congresso neste momento.
Mais precisamente, na Comissão Especial que analisa as Dez Medidas de Combate à
Corrupção. (Via: G1)
Blog: O Povo com a Notícia